Arquivos mensais: maio 2017

O que não te contaram sobre Inbound Marketing

À medida que a internet foi se consolidando na estratégia de negócios e comunicação das empresas, a produção de conteúdo passou a ser peça chave em qualquer plano de marketing. O já desgastado clichê “O conteúdo é rei” passou a ser uma realidade para muitos negócios.

Inbound-marketing

Mas não bastava apenas produzir conteúdo, era preciso utiliza-lo de maneira inteligente e integra-lo não apenas à estratégia de marketing das empresas, mas também às vendas. Foi aí que surgiu o Inbound Marketing, como uma metodologia de utilizar o conteúdo para atrair a atenção do cliente e move-lo dentro de um funil fictício de vendas até a conclusão da compra. Parecia a fórmula perfeita para se fazer marketing.

Nos últimos anos vimos uma explosão do conceito de Inbound Marketing pipocar entre as empresas e empresários, sobretudo o pequeno empresário, que muitas vezes tem acesso às primeiras lições de marketing através de um conteúdo produzido por uma agência de Inbound Marketing. Esse fenômeno se deu sobretudo pelo nascimento e consolidação da RD Station, a principal plataforma de Inbound Marketing no Brasil.

A RD Station teve muita competência em trazer para o Brasil o modelo desenvolvido e consolidado pela Hubspot nos Estados Unidos. Com isso, ela difundiu o conceito de Inbound Marketing e construiu um verdadeiro ecossistema de empresas que passaram oferecer a metodologia de atrair a atenção do consumidor ao invés de interrompê-lo com uma publicidade. Se por um lado esse movimento foi muito benéfico ao se propagar novos conceitos de marketing, por outro sugiram verdadeiras bizarrices no mercado, tanto por parte das agências que vendem Inbound Marketing, quanto por parte dos clientes que procuram esse tipo de solução.

A seguir listo os 4 principais pontos que a maioria das agências que vendem Inbound Marketing não falam para os clientes sobre a metodologia:

1 – Expectativas irreais

Normalmente o speech de venda das agências de Inbound Marketing é o mesmo: falam que antigamente a comunicação das empresas com as pessoas era de mão única, mas que hoje trata-se de uma via dupla. Relatam que o consumidor está no controle dessa relação e, portanto, a publicidade de interrupção não faz mas sentido.

Todo esse discurso é arrematado com o raciocínio de que o Inbound Marketing é a grande solução, que irá te permitir construir uma verdadeira máquina de geração de leads qualificados, com um custo 62% menor e 3x mais geração de leads. Diante desse discurso, muitas vezes pautado em casos reais, torna-se muito sedutor para o profissional de marketing e sobretudo o pequeno empresário acreditar que o Inbound Marketing é chave para todos os seus problemas de vendas.

O que normalmente não se fala é que uma estratégia de Inbound Marketing leva muito tempo para trazer retorno, demanda muitos testes para se definir o perfil correto do público, ou para usar um termo de Inbound, a persona. Assim, muita gente se frustra com o Inbound Marketing por conta de expectativas irreais sobre essa estratégia de marketing.

2 – Custo elevado

Fazer Inbound Marketing de verdade e com qualidade requer muito trabalho. Primeiro é preciso investir em estratégia, que vai desde o mapeamento das personas, definição de uma pauta de conteúdo, otimização do site e textos até o desenho de um fluxo de vendas.

Depois é preciso produzir muito conteúdo, que vai desde posts para o blog, até e-books, webinars, infográficos, vídeos entre outros. Mas não basta ter o conteúdo, será preciso contratar uma plataforma de automação de marketing, que cada vez mais custa mais caro, além de se investir em mídia, afinal no início ninguém irá encontrar seu conteúdo organicamente.

Resumo de tudo isso: fazer Inbound Marketing custa caro e basicamente se torna um custo fixo nas empresas uma vez que essa estratégia é implementada. Por outro lado, o que se vê muito no mercado que os maiores interessados em estratégia de Inbound Marketing são empresas que possuem muita pouca ou nenhuma verba de marketing. Normalmente são empresas que são atraídas pelo conteúdo produzido pelas próprias agências de Inbound Marketing. Temos um paradoxo criado no mercado.

O grande ponto dessa questão é que se uma empresa vai investir em Inbound Marketing é preciso saber que essa estratégia requer investimento elevado e o retorno demora para acontecer. Portanto, se você precisa de resultado rápido e possui pouco recurso, Inbound Marketing provavelmente não é a melhor estratégia. Algo que poucas agências dizem para os seus clientes. Batem na tecla que marketing de conteúdo custa 62% a menos e trazem 3x mais leads, lembra?

3 – Confronto entre Inbound e Outbound

 Outra estratégia comum dos especialistas em Inbound Marketing para vender a metodologia é criar um antagonismo com as “velhas práticas” de marketing e vendas. Criou-se no mercado um verdadeiro vilão: o outbond marketing, ou marketing de interrupção.

O uso do vilão e do mocinho que traz a salvação nada mais é do que uma velha técnica de storytelling bastante usada, desde filmes até no mundo corporativo. Steve Jobs, lá no início da Apple, já usava essa técnica ao atacar a Microsoft.

A grande falha dessa estratégia é que na prática as coisas são um pouco mais complexas do que o pessoal apregoa. Não se trata de discutir que as pessoas estão cheias de publicidade ou ainda de cold calls. Sim, elas não suportam mais isso. Porém, entre o extremo dessas práticas antigas e o novo prometido pelo Inbound, existe um mundo.

Uma empresa, para não dizer quase todas, muitas vezes não pode esperar o tempo de maturação de uma estratégia de Inbound Marketing. Além disso, essa estratégia simplesmente pode não funcionar para determinados mercados. Imagine uma Embraer usando Inbound Marketing para fechar um contrato bilionário com uma companhia aérea.

Existem estratégias de Outbound Sales que são muito eficientes para muitos negócios e que funcionam melhor se integradas com uma estratégia de Inbound Marketing. O que fica difícil de entender é o porque é preciso criar-se esse antagonismo para se vender o Inbound Marketing. Deveria se pautar nos benefícios e não em descontruir uma outra abordagem, que por mais que tenha passado por transformações, ainda existe e funciona para muita gente.

4 – Agressividade no uso do Inbound Marketing

O grande benefício do uso do Inbound Marketing é atrair a atenção do cliente e ir movendo o lead no funil de vendas através de um lead score. Trata-se de uma estratégia muito inteligente e que, se bem-feita, rompe a tradicional barreira de marketing e vendas. Finalmente o marketing vai ajudar de maneira objetiva as empresas a venderem mais.

No entanto, uma coisa que as agências de Inbound Marketing não fazem é orientar seus clientes em como conduzir esse processo de maneira sutil. Não é raro uma pessoa baixar um e-book e em um intervalo de 1 hora você receber uma ligação de vendas. O Cassio Politi, da Tracto, relata em seu site um caso em que demorou apenas 30 minutos entre baixar um conteúdo e receber uma abordagem de vendas.

O grande erro nesse tipo de situação é que, quando uma pessoa oferece seus contatos em troca de um conteúdo, ela ainda não é um lead. Ela simplesmente está interessada neste conteúdo e a empresa não sabe ainda a real motivação desse interesse. Será preciso mais elementos, novos downloads, para classifica-la como lead.

A chave é transformar essa pessoa que realiza um download genérico em um site em um assinante. Se a pessoa se torna um assinante, ela acaba de virar um lead, pois existe uma sinalização clara de que ela deseja manter uma relação próxima com sua empresa. Lembre-se: as pessoas não vão diretamente do download para o estágio de lead. Isso pouca agência comenta no mercado, até porque existe uma pressão para se trazer resultados, tanto do cliente, quanto da própria agência.

Diante desses quatro pontos, pode-se concluir que o Inbound Marketing é uma boa estratégia, mas que precisa de muito cuidado para a sua implementação. Ainda que muitas agências de Inbound Marketing abordam seus potenciais clientes com um viés consultivo, tem-se pouca discussão estratégica de fato. Empurram receitas prontas e criam falsas expectativas nos clientes. A boa notícia é que esse processo faz parte de um amadurecimento do mercado. Já existe muita gente competente que faz uma leitura do momento do cliente e de suas expectativas antes de oferecer um pacote de posts e e-books.

Vale a pena investir em um influenciador digital?

Da conversa de boteco ao plano de marketing de grandes marcas, das salas de cursinhos pré-vestibulares ao noticiário popular, todo mundo fala sobre os influenciadores digitais, que se tornaram celebridades inesperadas e monopolizam as conversas sobre os mais variados temas.

O marketing de influência é um fenômeno relativamente novo no Brasil, que possui como principal alicerce o uso de produtores de conteúdo sobre os mais variados temas. Trata-se de pessoas comuns que influenciam uma enorme audiência nos mais diferentes canais: Youtube, blog, Instagram, Snapchat e Facebook. Muitos desses influenciadores possuem uma base de seguidores maior do que a audiência de muitos canais de TV.

Existem hoje cerca de 6 milhões de influenciadores no mundo todo e cerca de 70% está no Youtube, ou seja, utilizam vídeos como o principal formato de comunicação com sua audiência. E a escolha do Youtube como principal plataforma não é por acaso, pois o vídeo se tornou a maneira mais fácil de se consumir conteúdo com o avanço das comunicações digitais, sobretudo através dos smartphones.

No Brasil, o influenciador digital mais famoso é Whindersson Nunes, com 17 milhões de seguidores no Youtube. Trata-se também do segundo maior influenciador do mundo, atrás apenas do sueco Felix Kjellberg, com 53 milhões de fãs. Para uma marca se associar a Whindersson Nunes a celebridade digital diz cobrar R$200 mil para uma simples menção.

O que torna essas celebridades digitais tão atraentes para o público? A princípio autenticidade e acessibilidade. Se analisarmos o início de cada celebridade, a maioria começou com vídeos caseiros com humor e opiniões sobre temas banais do cotidiano. Esse tipo de conteúdo gerou identidade na geração de jovens atuais, sobretudo a Geração Z, que se sente mais representada por gente comum do que por celebridades da TV, da música ou esportes. As celebridades digitais passam ainda uma áurea de acessibilidade, ou seja, elas diminuem as barreiras com os fãs e se comunicam na mesma plataforma do que eles. O que é mais fácil: receber uma resposta da Kéfera no Twitter ou do Neymar?

Se por um lado a espontaneidade vende, por outro ela é a grande fragilidade das marcas quando se considera o marketing de influência dentro da estratégia de comunicação de uma empresa. Ao se associar com um influenciador, a empresa compra o indivíduo por inteiro, não apenas quando ele fala do seu produto, mas em todas as opiniões e comportamentos que ele difunde na web. E cada vez mais influenciadores digitais estão andando na linha tênue do ousado ao ridículo, do inovador à falta de bom senso. Dado que ampliou bastante o número de influenciadores digitais e também a audiência busca cada vez mais esse tipo de conteúdo, cabe as celebridades digitais buscar se diferenciar da concorrência e também produzir conteúdo em um ritmo frenético. E aí que aumentam o risco de cometerem deslizes e colocar grandes marcas em enrascadas enormes.

Um exemplo clássico é de Felix Kjellberg, o maior influenciador do mundo. O jovem sueco é acusado de produzir uma série de vídeos antissemita que gerou muita polêmica. Se por um lado sua base de fãs continuou a crescer, por outro, ele perdeu contratos importantes com Google e Disney, que buscaram se desvincular dessa polêmica.

Outra fragilidade dos influenciadores digitais está relacionada à publicidade velada. O público em geral confia nos influenciadores pois eles são “gente como a gente”, são espontâneos e não seguem roteiros previamente definidos. Quando falam de um produto, é por que realmente usa ele, correto? A resposta para essa pergunta se tornou complexa, uma vez que os influenciadores estão cada vez mais à serviço das marcas. Até que ponto conseguem manter a autenticidade quando tentam se enquadrar no storytelling das marcas? O que era ativo pode se tornar uma grande vidraça.

Ainda que existem fragilidades, o marketing de influência é uma tendência que pode ganhar mais corpo, até porque ele não depende apenas das celebridades digitais. Existe um outro fenômeno ocorrendo que é também a proliferação dos micro-influenciadores. Trata-se da cauda longa dos influenciadores, ou seja, do mercado de nicho dos influenciadores digitais.

Os micro-influenciadores são especialistas sobre determinado assunto ou ainda alguém que é referência dentro de determinada tribo, que também utiliza o conteúdo publicado nos meios digitais para influenciar um determinado grupo de pessoas. A diferença é que o seu alcance é bem menor, que pode ser de mil ou cinco mil fãs. Ainda que a base seja bem menor, trata-se de uma base nichada, que se somada a outras pode ser bastante interessante para as empresas. A diferença é que os micro-influenciadores normalmente não recebem para falar de marcas ou produtos. No máximo ganham produtos para testar.

Diante das inúmeras possibilidades com o marketing de influência, o mercado tornou-se complexo e surgem diferentes players para suportar ações de empresas e influenciadores. Hoje existem agências que gerenciam a carreira de celebridades digitais. Há também cursos que prometem formar influenciadores digitais. Do lado dos anunciantes existem plataformas e agências que ajudam marcas a encontrar a celebridade ideal. E o mercado já desenvolveu métricas para acompanhar o retorno dessas ações.

No fim, a pergunta que fica é: vale a pena investir em uma celebridade digital? A resposta pode não ser simples, mas pode ser encontrada caso a caso se observar alguns pontos. O fenômeno das celebridades digitais é autêntico, pois os consumidores buscam uma nova forma de se comunicar com as marcas e os seus valores mudaram: hoje buscam maior proximidade com seus ídolos. Do ponto de vista de ROI, a agência Tomoson descobriu que para cada US$1 investido em um influenciador, é possível obter US$6,50 de receita, ou seja, um excelente retorno. Por outro lado, existe o risco de se associar a alguém que não segue roteiros, que possui um passado muitas vezes obscuro e um futuro incerto. Vale a pena? É bem provável que sim, mas com um preparo que vai muito além de procurar um novo hit no Youtube.