Arquivos mensais: novembro 2015

O novo negócio do Peixe Urbano

O ano de 2010 pode parecer muito distante, mas não faz tanto tempo assim que a febre das compras coletivas surgiu. Em um movimento liderado pelo Grupon nos Estados Unidos, startups nos quatro cantos do mundo apareceram com a intenção de revolucionar o consumo e a maneira de fazer marketing. O Brasil aderiu à onda, inicialmente com o Peixe Urbano, mas o cardume ganhou rapidamente forma e mais de 2000 sites de compras coletivas chegaram a coexistir em nosso mercado.

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Para funcionar, o negócio de compra coletiva exigia pesados descontos dos seus “parceiros” comerciais, que muitas vezes superava 50%. Depois de vendido o cupom, a plataforma de compra coletiva ficava com mais 50% do valor do ticket. Ou seja, os estabelecimentos ficavam com no máximo ¼ do preço normal de um produto ou serviço. Para piorar, a experiência gerada por cupons não era a melhor na maioria dos casos. Os clientes tinham que esperar uma quantidade mínima de vendas para ter acesso ao que comprou, muitos estabelecimentos separavam os clientes oriundos dos cupons dos clientes tradicionais, o que gerava sentimento de exclusão e preconceito. Logo, todo esse esforço para gerar experimentação e conquistar um novo cliente não servia para quase nada.

Ainda que o negócio de compra coletiva apresentava fraquezas claras em seu modelo de negócios, o Grupon conseguiu levantar US$700 milhões em seu IPO, o que o fez ser avaliado em US$ 12,4 bilhões. Mas não demorou para esse castelo de cartas começar a ruir. A competição cresceu em todos os mercados, fazendo com que os sites de compras coletivas gastassem muito mais do que o planejado em marketing para atrair clientes. Os estabelecimentos, por sua vez, perceberam que faziam parte de uma parceria que só um lado ganhava, e que não era o lado deles. Os clientes, do seu lado, passaram a questionar se valia a pena pagar mais barato para ter um serviço muitas vezes infinitamente inferior. Com isso, todo frisson ao redor dos sites de compras coletivas foi passando.

No Brasil, a grande maioria dos sites de compras coletivas fechou e restaram apenas os grandes. Em 2014, o pioneiro Peixe Urbano foi adquirido pelo gigante de internet chinês Baidu. Muita gente questionou na época o porque os chineses estavam interessados no Peixe Urbano além de sua base de 20 milhões de clientes.

Passado um ano da aquisição do Peixe Urbano pelos chineses, a startup brasileira dá sinais de vigor com uma mudança sutil, porém decisiva, do seu modelo de negócios. Hoje o foco do Peixe Urbano continua sendo promoções, porém o seu negócio está muito mais orientado ao seu aplicativo, que apresenta ofertas de acordo com a localização do seu usuário. São ofertas com descontos menores, que não sufoca os estabelecimentos e que podem ser usadas, normalmente, imediatamente após a compra.

Acabou o antigo modelo de apertar restaurantes e clínicas de um lado e oferecer um serviço ruim para o consumidor. Com esse modelo, o Peixe Urbano consegue apresentar um mapa de consumo dentro de cada município em que está presente, com as ofertas de acordo com o desejo do seu usuário. Para os estabelecimentos, o Peixe Urbano deixou de ser uma ferramenta de marketing pouco efetiva e transformou-se em um canal de venda. Basicamente o Peixe Urbano virou uma plataforma de e-commerce, cujo foco principal é a venda de serviços.

Com a mudança de posicionamento, o Peixe Urbano passou fazer transações em mercados que sites de avaliações de estabelecimentos e de reservas de mesas não conseguiram concluir com grande maestria. Por outro lado, essa mudança de paradigma traz novos concorrentes. Toda empresa que possui experiência em vendas mobile ou ainda que utilizam a geolocalização como plataforma de negócio pode querer pescar no aquário do Peixe Urbano. Será curiosa a disputa por esse mercado daqui a diante.

Os erros mais comuns ao se fazer networking

Já escrevi aqui no blog sobre os segredos de se fazer um bom networking. Um ponto que vale ampliar a discussão é sobre os erros mais comuns que cometemos ao buscar desenvolver relacionamentos-chave. Veja quais destes equívocos você pratica:

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  1. Começar uma conversa falando de negócio: Ainda que você esteja em um contexto profissional, evite iniciar um assunto com alguém perguntando o que ela faz, ou qual empresa ela trabalha. Interesse primeiro pela pessoa, depois entre em questões profissionais. Uma boa maneira de “quebrar o gelo” é perguntar de onde a pessoa é, ou ainda como está sendo a semana dela.
  1. Pedir um cartão de visitas logo de cara: De novo o foco tem que ser primeiro na pessoa, depois no emprego dela. Quando a gente logo já pede um cartão de visitas, evidencia o quanto estamos ávidos para se fazer negócios. Depois de uma conversa, ainda que breve, no tom pessoal, ofereça primeiro o seu cartão de visitas. É bem provável que a pessoa automaticamente já ofereça o dela. Caso a pessoa não faça isso, peça o cartão dizendo que você gostaria de manter contato com ela.
  1. Não fazer follow up: É muito comum conhecermos pessoas, sobretudo em eventos e feiras, guardar dezenas de cartões e nunca mais falarmos com essa pessoa, ainda que ela seja importante para nosso negócio. Após o encontro adicione essas pessoas no LinkedIn e ainda escreva um e-mail agradecendo o contato.
  1. Não manter relacionamento: Mais difícil do que conhecer pessoas, é manter relacionamento com elas. Dado que é difícil se relacionar com proximidade com muita gente, o segredo é identificar o quanto um contato pode ser relevante para nossos objetivos. Classifique-os em três níveis: A, B e C. O contato A é altamente relevante, o contato B é de média relevância e o contato C é de baixa relevância.. Para os contatos de nível A, busque marcar uma reunião o mais breve com o intuito de ajudar essa pessoa. Para os contatos de nível B, proponha também um encontro. Já os contatos de nível C, agradeça o contato e coloque-se à disposição em ajudar essa pessoa. Para os contatos de nível A, busque manter contato mensal, já os contatos de nível B, procure um encontro ao menos a cada 3 meses.
  1. Esperar algo em troca: O segredo de ser um bom networker é saber ajudar as pessoas. Quando focamos em ajudar os outros, construímos reputação e capital social e naturalmente seremos ajudados. O segredo para não escorregar nesse conceito é ajudar alguém não esperando nada em troca. Não se trata de uma transação, em que você ajuda e de imediato essa pessoa retribui. Ajude sem cobrar nada, pois naturalmente você receberá muita coisa, provavelmente até de outra pessoa.
  1. Não cumprir combinados: A base do networking é a confiança. Como confiar em alguém que nunca cumpre o combinado? Portanto, tenha muito cuidado com os combinados que você estabelece, pois uma vez prometido, vai ser fundamental você cumprir.
  1. Ausência de uma marca pessoal: Quando alguém fala do seu nome, qual a primeira coisa que ela o associa? Isso é a sua marca pessoal. Se queremos ser bons em networking, precisamos ter uma marca pessoal bem consolidada, pois imagine um monte de gente o conhecer, mas não o associar ao assunto profissional que deseja.
  1. Não ter objetivos: Um erro bem comum de quem busca ativamente fazer networking é não ter um objetivo claro. O profissional até possui consciência que precisa ampliar sua rede de relacionamentos, mas não sabe quem conhecer. O primeiro passo aqui é ter clareza das suas necessidades. Uma vez feito isso, pense nas pessoas que podem te ajudar alcançar esses objetivos e busque conhece-las.
  1. Deixar de buscar ajuda: Outro erro frequente de quem exercita o networking é tentar conhecer pessoas sozinho, sem ajuda de terceiros. Quer acessar um contato importante? Não deixe de pedir ajuda para algum amigo que conhece essa pessoa. Certamente essa aproximação se dará de maneira mais forte.

Fazer networking exige bastante dedicação, disciplina e muita atenção, pois trata-se de fortalecer relações humanas. Portanto, é natural cometermos alguns deslizes. O importante é se dedicar e saber que cada evolução nesse processo nos ajuda a construir relações mais fortes e negócios mais duradouros.

No próximo texto vou falar sobre os grupos de networking que existem atualmente no Brasil.

7 maneiras de focarmos mais no presente

Recentemente escrevi aqui sobre a importância de focarmos sempre no presente. No texto, falo sobre o quanto que vivermos no momento atual nos traz plenitude, produtividade e aumenta a chance de deixarmos as pessoas ao nosso redor mais felizes.

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Ainda que os benefícios de uma vida calcada no agora são claros, praticar esse hábito é bastante difícil. Sendo assim, elaborei uma lista de pequenas atitudes que podem ser úteis para a prática de uma vida mais plena:

  1. Mapeie as distrações: O que te faz não prestar atenção em uma conversa? O pensamento em uma outra atividade? O celular com as redes sociais ou e-mail que captura sua atenção? Toda vez que você perceber que escapou do presente, avalie o que te tirou daquele momento e nomeie as distrações. Com essa lista em mãos, fica mais fácil você atuar de maneira preventiva.
  1. Foque em uma tarefa por vez: Se você tem o hábito de fazer duas ou mais coisas ao mesmo tempo, chegou a hora de você focar. Estabeleça o critério de focar em uma tarefa e só passar para outra quando ela estiver terminada. Isso ajuda você fortalecer a concentração.
  1. Preste atenção nas suas rotinas: Quer viver bem o presente? Preste atenção nas suas rotinas corriqueiras do dia a dia, como lavar as mãos, amarrar os sapatos, trocar a marcha do carro, entre outros. Se você foca nas pequenas coisas, amplia sua capacidade de estar no agora e quando estiver com alguém, ficará mais fácil fazer o mesmo.
  1. Evite compartilhar tudo: Você precisa controlar sua ansiedade de querer compartilhar todos os momentos, sobretudo nas redes sociais. Está vivendo algo incrível? Curta e deixe para depois o compartilhamento de uma foto no Instagram, um comentário no Facebook ou um check-in no Swarm. Fazer isso não é fácil, mas que tal estabelecer que você só compartilha algo 30 minutos depois de viver uma grande experiência?
  1. Pratique a escuta empática: Está conversando com alguém? Procure ouvi-la com atenção e tente se colocar no lugar dela com o objetivo de fazer com que essa pessoa se sinta importante. Que tal contabilizar quantos sorrisos você conquista em uma conversa com o outro?
  1. Respire: A técnica mais poderosa para nos manter no presente é observar nossa respiração. A respiração é sempre no presente, portanto, ao tomar consciência dela você se conecta com o agora, entende melhor seu corpo e ganha mais plenitude.
  1. Planeje o futuro: Viver no presente não significa deixar de planejar o futuro. Temos necessidade de pensar como vamos alcançar nossos sonhos, portanto, nada mais justo do que tirar alguns momentos para pensarmos no amanhã. Quando planejamos esse pensamento futuro, ele não vai nos sabotar no presente.

Estou seguro que focar no presente traz inúmeros ganhos e que existem diferentes formas para alcançarmos esse desenvolvimento. Escrevi aqui alguns caminhos que podem nos ajudar a ter uma vida mais focada. Se você utiliza outros métodos, compartilhe com a gente!

Saídas para não fomentarmos a crise

As projeções menos pessimistas apontam que a economia brasileira vai encolher 3% em 2015. A taxa de desemprego já está próxima de 9%. A inflação disparou e bateu 9%. Não são apenas os indicadores econômicos que estão ruins. A crise é real, afeta nosso dia a dia e está por todo lado: na conversa do botequim, na reclamação insistente do nosso melhor cliente e sobretudo na mídia. Por onde vamos, a crise está presente.

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E quem dera fosse apenas uma crise econômica. Temos a crise política, com novos escândalos de corrupção brotando a todo instante nas três esferas do poder. A degradação dos valores morais da nossa classe política parece não ter limites. Diante de tantos infortúnios, paira sobre o Brasil uma atmosfera densa e obscura, que traz diferentes dificuldades, seja para o empreendedor, empresário, o trabalhador assalariado ou o alto executivo.

O grande segredo para passar por todas essas turbulências, sobreviver e até crescer é cuidar da maneira como vemos todas essas crises. Trata-se, de modo bem objetivo, de escolher a lente que vamos usar para olhar para toda essa bagunça que o Brasil se meteu. Se escolhermos a lente do pessimismo, vamos sofrer com cada declaração da nossa presidente, com a constante desvalorização do dólar ou com as demissões que chegam cada vez mais perto da gente. Por outro lado, a lente da construção nos permite enxergar que existe muito trabalho a ser feito, como ganho de eficiência, aprimoramento profissional e descoberta do desconhecido.

A grande dificuldade em encontrar oportunidades em momentos como esse é que o assunto crise é dominante. Ele está na mídia o tempo todo. No noticiário diário, ele domina mais de 50% da pauta jornalística. Em 2015, pelo menos 2/3 das capas das principais revistas semanais, bem como das revistas de negócios, falavam de crise. Todo dia sai um novo indicador econômico que sofreu uma grande queda absurda. Pergunta: pra quê acompanhar todo esse tipo de notícia negativa? O que esse conteúdo faz para melhorar o seu dia? Nada!

Não se trata de negar a realidade, mas em situações em que temos um grande problema, a solução geralmente não passa em ficarmos olhando obstinadamente para o problema. É necessário expandir a visão para encontrar possibilidades.

Na crise é mais fácil se diferenciar, pois em momentos difíceis as pessoas tendem a agir de maneira muito defensiva, portanto, todo mundo fica muito parecido. Atualmente está todo mundo reclamando de alguma coisa ou de muitas coisas. Quer ser diferente? Seja uma pessoa positiva na essência e veja as possibilidades que estão surgindo atualmente. Ainda que elas são talvez menores e menos visíveis, as oportunidades estão aí. Se você agir assim, você vai conquistar mais gente e a crise vai passar longe de você.

Veja alguns exemplos: entre janeiro e setembro deste ano, as salas de cinema tiveram um crescimento de público de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Muita gente optou pelo cinema esse ano como opção de lazer, em relação a outras formas de diversão mais caras. Ainda que muitos bares e restaurantes estão tendo queda de faturamento em São Paulo, existem algumas ilhas sem crise por aqui. Pontos tradicionais da cidade como o Spot, Figueira Rubaiyat e Fasano continuam com a clientela cativa e as filas não param. O recém inaugurado Eataly recebe 3.500 pessoas diariamente, número que dobra nos finais de semana. Para esse pessoal não tem crise.

E a justificativa não pode ser apenas que estes estabelecimentos são voltados para um público endinheirado, menos sensível à crise. Existe oportunidade para todo mundo. Em momentos de tensão, as pessoas procuram produtos de autoindulgência, que as fazem se sentir bem diante de alguns cortes no orçamento. Produtos para beleza, chocolates e doces, a compra de uma peça de roupa ou pequenos mimos não vão sair do dia a dia dos consumidores tão cedo e pelo contrário, tendem a ter suas vendas aumentadas.

O grande segredo para superar as crises política e econômica que o país atravessa é deixa-las em segundo plano. Não acompanhe noticiário negativo, não fomente discussões catastróficas e não entre na onda da reclamação. Tudo isso pode parecer meio piegas, mas em momentos de dificuldade temos que agir da maneira mais simples possível. E a simplicidade neste momento está em trabalhar no ganho da eficiência e aumento da produtividade, em entender o quê os seus clientes querem ou o quê o seu chefe precisa para atingir sua meta. Valores que parece que perdemos quando o Brasil esteve em momentos melhores.