Arquivos mensais: abril 2017

3 maneiras de testar uma ideia com pouco ou nenhum investimento

Uma dúvida que acomete 10 entre 10 empreendedores e também executivos de grandes empresas é: como construir um protótipo confiável para testar o lançamento de um produto ou serviço?

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Um MVP, ou ainda, o Produto Mínimo Viável é um conceito já bastante difundido pela filosofia de Lean Startup, que consiste em definir os requisitos mínimos para se testar a viabilidade de um produto. Se o MVP for muito simplório, corre-se o risco de efetivamente não se testar a ideia, se for complexo demais, deixa de ser um MVP. Achar a medida é a grande chave de sucesso nesse contexto.

O que as pessoas esquecem é que o MVP deve ser o grande indicador de viabilidade comercial de um produto. Para isso, não se deve perguntar se elas comprariam e sim é crucial pedir para as pessoas efetivamente comprarem o produto que se busca vender. Essa mudança de perspectiva é sutil, mas traz grandes diferenças no teste de conceito.

Diante disso, existem 3 formas de se testar uma ideia e avaliar a sua viabilidade de negócio, que ainda são pouco usadas com esse objetivo:

1 – MVP blog

Muito já se falou sobre a importância do marketing de conteúdo como estratégia de divulgação de conceito, de construção e fortalecimento de marcas. Não é de hoje que empreendedores e empresas criam blogs para se firmarem como autoridade em algum assunto. O que pouco se faz é criar um blog para se conquistar audiência e testar a viabilidade de uma ideia.

Ao se construir um blog como MVP é crucial definir quem será o público-alvo e identificar qual conteúdo irá chamar atenção desse público. Será fundamental produzir um material rico e inovador. Uma vez conquistada audiência, é importante idealizá-la. Para isso deve-se buscar obter o cadastro desse público e à medida que o blog se desenvolve, é possível ir testando o conceito com seu público, seja através de posts, pesquisas, oferta de serviços ou produtos.

Uma empresa que usou bem essa estratégia foi a RD Station, startup brasileira de automação de marketing. Quando iniciou suas operações em 2011, a RD Station já pretendia ser uma plataforma complexa de automação, porém começou suas atividades com um blog com dicas de marketing digital. Conquistou uma audiência cativa interessada no assunto. Depois começou a ofertar consultoria para alguns leitores, ainda fora da plataforma. Quando a primeira versão da plataforma surgiu, a RD Station já possuía uma grande base de clientes e já tinha testado muita coisa. Hoje a RD Station é a maior plataforma brasileira de automação de marketing e já recebeu aportes de dezenas de milhões de reais.

Vantagens

A grande vantagem de se usar um MVP blog é o seu baixo custo de implementação. Com ele é possível também mudar sua estratégia rapidamente.

Desafios

O desafio de um MVP blog é criar um conteúdo inovador, que cative a audiência. Hoje já existe muito blog, alguns cópia uns dos outros.

Desvantagens

Essa estratégia leva tempo para maturar, ou seja, para se obter respostas consistentes com um MVP blog é preciso ter tempo: no mínimo um ano.

2 – Campanhas Pay per Click (PPC)

Nem todo executivo ou empreendedor possui o tempo necessário para se produzir um bom conteúdo e deixa-lo ganhar relevância na busca orgânica. Neste caso, uma estratégia bem interessante é a criação de campanhas de anúncios no Google ou Facebook para captar demanda latente de potenciais clientes.

Todo produto ou serviço visa atender uma necessidade específica. Quando as pessoas precisam de algo, hoje o principal canal de busca de informações é o Google. Logo, anúncios bem segmentados podem direcionar para seu potencial produto. Outra fonte de informação rica são as redes sociais, com especial destaque ao Facebook, que possui um vasto repertório de gostos de cada usuário.

A estratégia aqui é a seguinte: montar campanhas de anúncios Pay per Click no Google e Facebook que direcionem para uma landing page com seu MVP. O segredo do sucesso é montar campanhas bem direcionadas, que conduzam o potencial cliente a uma página voltada para realização de uma conversão, que pode ser a realização de um cadastro, a realização de uma pré-venda ou ainda a venda de um produto reduzido.

Uma vez testado o conceito, é possível seguir adiante com a ideia ou ainda melhora-la ou elimina-la.

Vantagens

Capta cliente em estágio avançado no funil de compras e permite ampla segmentação. Também oferece possibilidade de mudança de estratégia a qualquer momento.

Desafios

Definir corretamente o público-alvo, criar landing pages com alta capacidade de conversão e reduzir o custo do clique.

Desvantagens

Estratégia requer investimento constante e se não for bem gerida pode consumir recursos sem testes efetivos.

3 – Crowdfunding

No início as plataformas de crowdfunding, ou ainda de financiamento coletivo, eram destinadas a empreendedores que possuíam uma ideia interessante, mas que não tinham recursos financeiros para coloca-las de pé. Nesse sentido, o financiamento coletivo cumpria sua missão com a famosa vaquinha online.

Verdade é que o crowdfunding não perdeu seu propósito original, porém é possível explorar muito mais possibilidades através dessas plataformas e uma delas é ajudar startups e empresas validarem ideias.

As plataformas de financiamento coletivo atraem um público ávido por tecnologia e propenso a testar novos produtos e conceitos. Logo, trata-se de um excelente canal para se lançar uma nova empreitada e ainda por cima obter um investimento.

Muitas empresas estão usando as plataformas de crowdfunding para realizar pesquisa de mercado, conquistar a primeira leva de clientes e realizar campanhas de marketing. O foco principal deixa de ser a captação de recursos e passa ser a validação do conceito, à risco próximo de zero. Uma empresa que usou essa estratégia foi a Moccato, empresa dedicada à produção de cápsulas de café. Com o crowdfunding a Moccato conseguiu captar recursos para a primeira rodada de produção de cápsulas e deixou os seus investidores mais seguros quanto à viabilidade do negócio.

Vantagens

Atrai um público interessado em novidades e tecnologia, apresenta baixo risco e oferece ainda captação de recursos

Desafios

Nem todo produto se adequa ao perfil de sites de crowdfunding. Soluções com apelo tecnológico possuem maior apelo. Outro desafio é engajar o público a financiar sua ideia e se envolver com o projeto.

Desvantagens

Existe enorme competição para captação de recursos e solução não se adequa para qualquer tipo de produto.

O que achou dessas três maneiras de se testar um MVP? Conhece alguma outra estratégia que tem funcionado? Compartilhe com a gente!

 

 

 

 

 

 

 

Como não se tornar um empreendedor de Powerpoint

Existe uma pergunta que sempre surge no mundo das startups que é: existe um perfil ideal para se compor um time de uma empresa de tecnologia? Ainda que não seja uma resposta definitiva, entre investidores que suportam esse tipo de empresa sempre se buscou um time composto de três perfis profissionais: um profissional de tecnologia, um designer e um especialista em negócios. Será essa a formação ideal?

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Se o negócio que o time empreendedor busca estabelecer é de base tecnológica, ou seja, trata-se de um aplicativo, um sistema ou ainda utiliza muita tecnologia para ser integrado a outras plataformas, certamente essa startup vai precisar investir pesadamente em tecnologia. O que acontece se este conhecimento não é dominado por pelo menos um dos sócios?

Normalmente nesses casos os empreendedores buscam um parceiro de tecnologia, como uma fábrica de software, uma agência ou produtora digital. Em geral, quando chegam em busca de suporte tecnológico, cometem o primeiro grande erro: estão apaixonados pela ideia e subestimam a complexidade de execução dessa ideia. Desejam implementar uma série de funcionalidades sem antes ter em mente o que seria um MVP e acreditam que o investimento necessário para colocar a ideia em prática custa um décimo do valor real de desenvolvimento.

Quando confrontados com a realidade, o empreendedor comete o segundo erro. Uma vez que não possui recursos para investir na ideia, propõe sociedade ao parceiro de tecnologia. Seduzido pela suposta ideia brilhante, oferece uma oportunidade para o desenvolvedor de tecnologia obter uma fatia da empresa. Porém, esquece de um pequeno detalhe: mais valiosa do que a ideia, a capacidade de execução é que o que realmente conta, o que separa o sonhador do empreendedor de sucesso. E neste caso, se a capacidade de execução está com o parceiro tecnológico, o que ele ganha ao entrar nessa sociedade? Normalmente nada e por isso costuma recusar esse tipo de oferta na grande maioria das vezes.

Diante dessa negativa, se o empreendedor estiver realmente apaixonado pela ideia e determinado a implementa-la ele vai trabalhar para enxuga-la um pouco e obter uma proposta de desenvolvimento que custe algo que ele consiga pagar com investimento de suas economias. Aqui normalmente ocorre o terceiro erro desse perfil de empreendedor. Neste cenário o empreendedor coloca todos os seus recursos em uma ideia ainda imatura, que certamente precisará de ajustes. Desconsidera que um produto tecnológico nunca nasce pronto e mais, que existe um custo de manutenção elevado dessa tecnologia. Normalmente os custos de desenvolvimento de uma plataforma tecnológica de uma startup devem representar no máximo 40% do que se pretende investir em tecnologia ao longo de um ano.

Quando essa plataforma, seja ela um App ou ainda um e-commerce vai para o ar, será necessário cuidar de ajustes de bugs, realizar testes A/B para conversão, mudar layout para se comunicar melhor ou ainda publicar uma nova versão nas Apps Stores por conta de atualizações de sistemas operacionais. Tudo isso é custo e se o empreendedor tem que terceirizar o desenvolvimento e designer, o custo dessa empresa fica alto, o que demanda um maior nível de investimento e aumenta o risco. Até aqui a tese do perfil do desenvolvedor e do designer em uma startup de tecnologia parece fazer sentido.

Uma vez lançada a startup, ela precisa de clientes. Pessoas precisam baixar o App, realizar cadastro no site, efetuar algum tipo de compra ou vender determinado produto. Para isso, essa empresa de tecnologia precisa divulgar essa marca nascente para ganhar relevância. Aqui em geral ocorre o quarto erro desse empreendedor fictício (mas bastante comum no mercado), que se chegou até aqui normalmente não passa desse estágio: o ganho de tração.

Uma startup, com um conceito novo, vai precisar de bastante investimento em marketing para ser conhecida no mercado e conseguir dar os primeiros passos. Vai ser preciso investir em produção de conteúdo, construção de presença em redes sociais, campanhas de pay per click, e-mail marketing, vídeos e mais um arsenal de ferramentas de marketing digital. Tudo isso requer um investimento elevado e, em geral, esse empreendedor já investiu todos os seus recursos para lançar a versão 1 da startup, deixando o marketing como assunto secundário. Muitas vezes, a ausência de um verdadeiro especialista em marketing digital na composição da sociedade da startup aumenta ainda mais a necessidade de investimento em serviços de terceiros. Daí a importância de ter um sócio com entendimento de negócios, mas com veia digital, na equipe.

É positivo o desejo crescente das pessoas buscarem empreender em negócios de base tecnológica. Nos últimos vintes anos a tecnologia mudou completamente a maneira de se fazer negócios basicamente em todos os mercados e formou uma nova onda de bilionários e “heróis” que inspiram pessoas no mundo todo a seguirem seus passos. Porém, empreender em tecnologia demanda conhecimentos específicos, que vão muito além do que uma simples formação em exatas. Em uma startup tecnológica, quanto mais esse tipo de conhecimento especializado estiver dentro do time de fundadores, maior a chance de sucesso. É crucial conhecimentos avançados em programação, gestão de projetos, user experience e marketing digital (não vale ter lido alguns ebooks de inbound marketing!). Seja para executar ou gerir uma equipe. Sem isso, corre-se o risco de se tornar um empreendedor de Powerpoint, e o sonho de ser bem sucedido não sair do slide.