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Como não se tornar um empreendedor de Powerpoint

Existe uma pergunta que sempre surge no mundo das startups que é: existe um perfil ideal para se compor um time de uma empresa de tecnologia? Ainda que não seja uma resposta definitiva, entre investidores que suportam esse tipo de empresa sempre se buscou um time composto de três perfis profissionais: um profissional de tecnologia, um designer e um especialista em negócios. Será essa a formação ideal?

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Se o negócio que o time empreendedor busca estabelecer é de base tecnológica, ou seja, trata-se de um aplicativo, um sistema ou ainda utiliza muita tecnologia para ser integrado a outras plataformas, certamente essa startup vai precisar investir pesadamente em tecnologia. O que acontece se este conhecimento não é dominado por pelo menos um dos sócios?

Normalmente nesses casos os empreendedores buscam um parceiro de tecnologia, como uma fábrica de software, uma agência ou produtora digital. Em geral, quando chegam em busca de suporte tecnológico, cometem o primeiro grande erro: estão apaixonados pela ideia e subestimam a complexidade de execução dessa ideia. Desejam implementar uma série de funcionalidades sem antes ter em mente o que seria um MVP e acreditam que o investimento necessário para colocar a ideia em prática custa um décimo do valor real de desenvolvimento.

Quando confrontados com a realidade, o empreendedor comete o segundo erro. Uma vez que não possui recursos para investir na ideia, propõe sociedade ao parceiro de tecnologia. Seduzido pela suposta ideia brilhante, oferece uma oportunidade para o desenvolvedor de tecnologia obter uma fatia da empresa. Porém, esquece de um pequeno detalhe: mais valiosa do que a ideia, a capacidade de execução é que o que realmente conta, o que separa o sonhador do empreendedor de sucesso. E neste caso, se a capacidade de execução está com o parceiro tecnológico, o que ele ganha ao entrar nessa sociedade? Normalmente nada e por isso costuma recusar esse tipo de oferta na grande maioria das vezes.

Diante dessa negativa, se o empreendedor estiver realmente apaixonado pela ideia e determinado a implementa-la ele vai trabalhar para enxuga-la um pouco e obter uma proposta de desenvolvimento que custe algo que ele consiga pagar com investimento de suas economias. Aqui normalmente ocorre o terceiro erro desse perfil de empreendedor. Neste cenário o empreendedor coloca todos os seus recursos em uma ideia ainda imatura, que certamente precisará de ajustes. Desconsidera que um produto tecnológico nunca nasce pronto e mais, que existe um custo de manutenção elevado dessa tecnologia. Normalmente os custos de desenvolvimento de uma plataforma tecnológica de uma startup devem representar no máximo 40% do que se pretende investir em tecnologia ao longo de um ano.

Quando essa plataforma, seja ela um App ou ainda um e-commerce vai para o ar, será necessário cuidar de ajustes de bugs, realizar testes A/B para conversão, mudar layout para se comunicar melhor ou ainda publicar uma nova versão nas Apps Stores por conta de atualizações de sistemas operacionais. Tudo isso é custo e se o empreendedor tem que terceirizar o desenvolvimento e designer, o custo dessa empresa fica alto, o que demanda um maior nível de investimento e aumenta o risco. Até aqui a tese do perfil do desenvolvedor e do designer em uma startup de tecnologia parece fazer sentido.

Uma vez lançada a startup, ela precisa de clientes. Pessoas precisam baixar o App, realizar cadastro no site, efetuar algum tipo de compra ou vender determinado produto. Para isso, essa empresa de tecnologia precisa divulgar essa marca nascente para ganhar relevância. Aqui em geral ocorre o quarto erro desse empreendedor fictício (mas bastante comum no mercado), que se chegou até aqui normalmente não passa desse estágio: o ganho de tração.

Uma startup, com um conceito novo, vai precisar de bastante investimento em marketing para ser conhecida no mercado e conseguir dar os primeiros passos. Vai ser preciso investir em produção de conteúdo, construção de presença em redes sociais, campanhas de pay per click, e-mail marketing, vídeos e mais um arsenal de ferramentas de marketing digital. Tudo isso requer um investimento elevado e, em geral, esse empreendedor já investiu todos os seus recursos para lançar a versão 1 da startup, deixando o marketing como assunto secundário. Muitas vezes, a ausência de um verdadeiro especialista em marketing digital na composição da sociedade da startup aumenta ainda mais a necessidade de investimento em serviços de terceiros. Daí a importância de ter um sócio com entendimento de negócios, mas com veia digital, na equipe.

É positivo o desejo crescente das pessoas buscarem empreender em negócios de base tecnológica. Nos últimos vintes anos a tecnologia mudou completamente a maneira de se fazer negócios basicamente em todos os mercados e formou uma nova onda de bilionários e “heróis” que inspiram pessoas no mundo todo a seguirem seus passos. Porém, empreender em tecnologia demanda conhecimentos específicos, que vão muito além do que uma simples formação em exatas. Em uma startup tecnológica, quanto mais esse tipo de conhecimento especializado estiver dentro do time de fundadores, maior a chance de sucesso. É crucial conhecimentos avançados em programação, gestão de projetos, user experience e marketing digital (não vale ter lido alguns ebooks de inbound marketing!). Seja para executar ou gerir uma equipe. Sem isso, corre-se o risco de se tornar um empreendedor de Powerpoint, e o sonho de ser bem sucedido não sair do slide.