Arquivos mensais: março 2017

Como encontrar um bom mentor

Diariamente empreendedores e executivos se deparam com diferentes escalas de tomada de decisões e em muitas situações, para não se dizer a maioria, compartilhar decisões pode ser benéfico e até necessário para se alcançar um melhor desempenho. São nessas horas que muita gente lamenta não ter uma pessoa mais experiente por perto.

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A cultura de se obter ajudar externa, sobretudo entre empreendedores, já é bastante difundida no Sillicon Valley e basicamente todo empreendedor que se preza por lá começa o seu negócio com um mentor. Já no Brasil, a busca por um mentor avançou significativamente nos últimos anos no ecossistema de empreendedores, mas ainda é algo incipiente. Claramente ainda existem algumas dificuldades, muitas relacionadas a questões conceituais sobre qual o papel do mentor.

Em primeiro lugar, existe uma confusão do empreendedor em diferenciar o papel de um coach e de um mentor. É muito comum empresários estarem com alguma dificuldade relacionada ao negócio, como alguma questão regulatória, de posicionamento de mercado ou ainda tecnológica e contratar um coach. Trata-se de um grande equívoco! O papel de um coach é ajudar o profissional a se desenvolver em sua dimensão pessoal. Claro que um coach pode ajudar o empreendedor a estabelecer metas, definir melhor seus objetivos e a planejar seus negócios, porém, cabe ao mentor compartilhar experiências e ajudar o empreendedor com as sutilezas do seu negócio.

A outra confusão que existe sobre o papel do mentor é o mercado o responsável por tal desarranjo. Nos últimos dois anos se proliferam empresas e programas embalados de mentoria que são qualquer coisa, menos mentoring. Em um programa clássico de mentoria, o mentor possui uma relação informal com o seu orientado e não existe nenhuma cobrança por esse serviço. A relação é baseada no companheirismo. São pessoas que querem compartilhar suas experiências, seja para promover o bem e/ou para retribuir alguma ajuda que receberam ou ainda recebem.

Ainda que a relação com um mentor não deva ser remunerada, cada vez mais surgem programas pagos que se autodenominam como mentoring. Dado que o empreendedor e empresário brasileiro estão se despertando para a necessidade de uma ajuda externa, surgiu uma oportunidade de negócio. Estes serviços nada mais são do que programas de board advisors e board directors, que por definição, são pagos e possuem graus de formalidade maior, com reuniões pré-definidas e papéis mais claros dos conselheiros.

Uma vez compreendido os inúmeros papéis de um mentor, por que ainda sim é difícil encontra-lo? A resposta é justamente pela sua natureza informal. Uma vez que se trata de uma relação baseada na benevolência, é preciso encontrar alguém com a experiência que você deseja com esse espírito de ajuda. Outro ponto que dificulta é que os encontros muitas vezes perdem o ritmo, uma vez que não possuem uma frequência definida. A relação com um mentor pode durar meia hora ou anos. Varia caso a caso.

Para mitigar esses riscos, é importante fazer a seleção correta do mentor. O primeiro passo é entender o por que é preciso encontrar um. Não busque um mentor apenas porque está na moda. Identifique os principais pontos que você precisa de ajuda e trace um perfil desse profissional. Pode ser alguém do seu mercado, que já está em outro patamar de negócio, ou ainda alguém que já vivenciou experiências semelhantes em outros empreendimentos.

Uma vez definido o perfil do potencial mentor, é preciso identificar onde encontra-lo. Os lugares são variados, mas pode ser em uma associação de classe, em eventos do mercado, em universidades, no LinkedIn, apenas para citar as opções mais básicas. Uma outra dica é consultar o app de networking Beer or Coffee, em que é possível encontrar alguém para uma conversa informal a partir de busca por interesses. Vale também acompanhar a programação do Cubo e do Google Campus, que possuem com frequência eventos específicos de mentoring. Outra dica é conhecer melhor o trabalho do Founders Institute, que promove uma cultura de ajuda baseada nos programas de mentoring difundidos no Sillicon Valley.

A mentoria é a promoção da cultura da troca, portanto, para que ela funcione de maneira consistente é preciso dar, para depois receber. Logo, se você busca um mentor ou ainda já é assessorado por um, é importante perpetuar esse espírito de ajuda. Independente do estágio de negócio, qualquer empreendedor consegue ajudar outro com algum conhecimento específico. Não pense duas vezes antes de ajudar outro profissional. Isso é fortalecer a cultura de empreendedorismo no Brasil e colocar nossos empreendedores em outro patamar. E com relação aos programas pagos, eles podem ser muito bons, mas lembre-se que eles são qualquer coisa, menos mentoring.

Os chatbots já estão dentro do seu bolso. Saiba o que fazer com eles

Uma revolução silenciosa ocorre diariamente no seu Facebook Messenger, Whatsapp além de outros aplicativos de mensagens instantâneas, como Telegram, Wechat ou Kik: a proliferação dos chatbots. Afinal, o que significa esse novo termo tecnológico?

Os chatbots, ou ainda bots, são programas de computador que automatizam conversas com pessoas e tarefas pré-definidas através de recursos de Inteligência Artificial. Além de automatizar, os chatbots prometem humanizar os atendimentos entre empresas e pessoas na internet.

Os bots fazem parte de uma pequena fração do gigantesco mercado de Inteligência Artificial, que agrupa empresas como Google, Facebook, Apple, Amazon, IBM e Microsoft e que segundo o Bank of America Merril Lynch, trata-se de um mercado que deve movimentar cerca de U$ 153 bilhões até 2020.

Hoje os chatbots funcionam, em grande escala, embarcados dentro de aplicativos de mensagens instantâneas, como o Facebook Messenger, Wechat, Telegram, Kik e até o Whatsapp. Aqui no Brasil a maior aplicação está no Facebook, que já conta com mais de 11 mil bots em funcionamento. Desta forma, quando um usuário está no Messenger do Facebook e deseja chamar um táxi, por exemplo, ao invés dele abrir o app do Uber, basta ele escrever dentro do próprio Messenger que deseja o carro e o motorista chegará até o usuário.

Com essa tecnologia é possível automatizar a pesquisa de previsão do tempo, o pedido de um táxi, a reserva de um hotel, a consulta de um pedido em uma loja de e-commerce, encomendar a pizza do jantar ou marcar uma consulta médica. Pode-se dizer que os chatbots são a próxima revolução da internet: primeiro vieram os sites, depois os aplicativos mobile e agora os bots.

As transformações que os bots prometem trazer podem modificar bastante o mercado de aplicativos mobile. Apps de uso muito específico tendem a perder espaço ou até deixar de existir. Se uma pessoa consegue obter a previsão do tempo dentro do Whatsapp ou Facebook Messenger, qual o sentido de baixar um aplicativo para essa função? Além de facilitar a vida do usuário, os bots podem resolver outro problema do usuário: a falta de espaço nos smartphones para o download de novos aplicativos. Por outro lado, vale ressaltar que aplicativos mais complexos, como o app de um banco, com inúmeras funcionalidades, dificilmente perderá terreno para os bots.

Além de executar ações pre-definidas, os bots hoje já são capazes de eliminar o primeiro nível de atendimento de operações de call center. Esses robôs já resolvem de 70% a 90% dos problemas que chegam nas centrais de atendimento, como se fossem um humano. Com técnicas de machine learning, os bots são capazes de aprender e podem identificar gírias, sotaques e compreender novas informações. Com isso, esse percentual de atendimento pode aumentar.

Onde eles estão sendo usados

 No Twitter, ao longo de 2016 existiram dois grandes cases. Um foi em parceria com a Gol, que desenvolveu um sistema que permitia ao passageiro realizar o check-in interagindo com um robô dentro do microblog. Outro uso foi realizado pela Sky, que ativou uma ferramenta que permitia, com um retuíte, que o cliente conseguisse agendar a gravação de um filme ou série.

Já o Facebook Messenger apresenta os maiores cases de integração com bots. Atualmente o atendimento do Banco Original pelo Messenger é todo realizado por robôs. O site de casamentos Me Casei utiliza bots em seu atendimento no Facebook e hoje cerca de 60% dos clientes do portal já são atendidos por um assistente virtual. Por fim, acaba de surgir a primeira startup no Brasil na área da saúde, o Docbot, que usa um chatbot para promover esclarecimentos sobre sintomas de doenças, orientações à distância com um enfermeiro e até agendamento de consultas médicas, tudo através da janelinha de conversas do Facebook.

No Whatsapp, maior aplicativo de troca de mensagens no Brasil, as evoluções ainda caminham a passos mais curtos. Uma iniciativa que surgiu na plataforma foi do jornal Estadão, que desenvolveu um bot que envia notícias para pessoas previamente cadastradas.

O que pode dar errado

 Ainda que seja uma tecnologia que se difunde em uma velocidade impressionante, os bots ainda passam por um estágio de amadurecimento tecnológico. No meio desses processos, alguns imprevistos podem acontecer, como no caso do bot Tay, da Microsoft. A gigante tecnológica lançou um chatbot para manter conversas com jovens no Twitter e “aprender” como pensa e age um Millenial. Após um período de interações, o bot Tay passou a adorar Hittler e odiar o movimento feminista. Algo que escapou completamente do controle do sistema de Machine Learning.

Embora o caso da Microsoft tenha alimentado algum ceticismo sobre os limites da tecnologia, os bots estão se firmando com uma solução confiável para inúmeras situações de atendimento e execução de tarefas. Com eles as empresas ganham eficiência operacional e prestam um melhor serviço ao cliente. Para o consumidor, pode ser o fim de ouvir a famosa frase “a sua ligação é muito importante para nós”, com um atendimento muito mais simples e personalizado, além de possibilitar a redução do download crescente de apps que inundam os celulares das pessoas. Cabe aos profissionais de marketing acompanhar essas transformações e assim evitar que um robô diga que sua empresa está defasada tecnologicamente.