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Como não se tornar um empreendedor de Powerpoint

Existe uma pergunta que sempre surge no mundo das startups que é: existe um perfil ideal para se compor um time de uma empresa de tecnologia? Ainda que não seja uma resposta definitiva, entre investidores que suportam esse tipo de empresa sempre se buscou um time composto de três perfis profissionais: um profissional de tecnologia, um designer e um especialista em negócios. Será essa a formação ideal?

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Se o negócio que o time empreendedor busca estabelecer é de base tecnológica, ou seja, trata-se de um aplicativo, um sistema ou ainda utiliza muita tecnologia para ser integrado a outras plataformas, certamente essa startup vai precisar investir pesadamente em tecnologia. O que acontece se este conhecimento não é dominado por pelo menos um dos sócios?

Normalmente nesses casos os empreendedores buscam um parceiro de tecnologia, como uma fábrica de software, uma agência ou produtora digital. Em geral, quando chegam em busca de suporte tecnológico, cometem o primeiro grande erro: estão apaixonados pela ideia e subestimam a complexidade de execução dessa ideia. Desejam implementar uma série de funcionalidades sem antes ter em mente o que seria um MVP e acreditam que o investimento necessário para colocar a ideia em prática custa um décimo do valor real de desenvolvimento.

Quando confrontados com a realidade, o empreendedor comete o segundo erro. Uma vez que não possui recursos para investir na ideia, propõe sociedade ao parceiro de tecnologia. Seduzido pela suposta ideia brilhante, oferece uma oportunidade para o desenvolvedor de tecnologia obter uma fatia da empresa. Porém, esquece de um pequeno detalhe: mais valiosa do que a ideia, a capacidade de execução é que o que realmente conta, o que separa o sonhador do empreendedor de sucesso. E neste caso, se a capacidade de execução está com o parceiro tecnológico, o que ele ganha ao entrar nessa sociedade? Normalmente nada e por isso costuma recusar esse tipo de oferta na grande maioria das vezes.

Diante dessa negativa, se o empreendedor estiver realmente apaixonado pela ideia e determinado a implementa-la ele vai trabalhar para enxuga-la um pouco e obter uma proposta de desenvolvimento que custe algo que ele consiga pagar com investimento de suas economias. Aqui normalmente ocorre o terceiro erro desse perfil de empreendedor. Neste cenário o empreendedor coloca todos os seus recursos em uma ideia ainda imatura, que certamente precisará de ajustes. Desconsidera que um produto tecnológico nunca nasce pronto e mais, que existe um custo de manutenção elevado dessa tecnologia. Normalmente os custos de desenvolvimento de uma plataforma tecnológica de uma startup devem representar no máximo 40% do que se pretende investir em tecnologia ao longo de um ano.

Quando essa plataforma, seja ela um App ou ainda um e-commerce vai para o ar, será necessário cuidar de ajustes de bugs, realizar testes A/B para conversão, mudar layout para se comunicar melhor ou ainda publicar uma nova versão nas Apps Stores por conta de atualizações de sistemas operacionais. Tudo isso é custo e se o empreendedor tem que terceirizar o desenvolvimento e designer, o custo dessa empresa fica alto, o que demanda um maior nível de investimento e aumenta o risco. Até aqui a tese do perfil do desenvolvedor e do designer em uma startup de tecnologia parece fazer sentido.

Uma vez lançada a startup, ela precisa de clientes. Pessoas precisam baixar o App, realizar cadastro no site, efetuar algum tipo de compra ou vender determinado produto. Para isso, essa empresa de tecnologia precisa divulgar essa marca nascente para ganhar relevância. Aqui em geral ocorre o quarto erro desse empreendedor fictício (mas bastante comum no mercado), que se chegou até aqui normalmente não passa desse estágio: o ganho de tração.

Uma startup, com um conceito novo, vai precisar de bastante investimento em marketing para ser conhecida no mercado e conseguir dar os primeiros passos. Vai ser preciso investir em produção de conteúdo, construção de presença em redes sociais, campanhas de pay per click, e-mail marketing, vídeos e mais um arsenal de ferramentas de marketing digital. Tudo isso requer um investimento elevado e, em geral, esse empreendedor já investiu todos os seus recursos para lançar a versão 1 da startup, deixando o marketing como assunto secundário. Muitas vezes, a ausência de um verdadeiro especialista em marketing digital na composição da sociedade da startup aumenta ainda mais a necessidade de investimento em serviços de terceiros. Daí a importância de ter um sócio com entendimento de negócios, mas com veia digital, na equipe.

É positivo o desejo crescente das pessoas buscarem empreender em negócios de base tecnológica. Nos últimos vintes anos a tecnologia mudou completamente a maneira de se fazer negócios basicamente em todos os mercados e formou uma nova onda de bilionários e “heróis” que inspiram pessoas no mundo todo a seguirem seus passos. Porém, empreender em tecnologia demanda conhecimentos específicos, que vão muito além do que uma simples formação em exatas. Em uma startup tecnológica, quanto mais esse tipo de conhecimento especializado estiver dentro do time de fundadores, maior a chance de sucesso. É crucial conhecimentos avançados em programação, gestão de projetos, user experience e marketing digital (não vale ter lido alguns ebooks de inbound marketing!). Seja para executar ou gerir uma equipe. Sem isso, corre-se o risco de se tornar um empreendedor de Powerpoint, e o sonho de ser bem sucedido não sair do slide.

 

10 erros comuns de quem quer montar um negócio

Ao longo da minha carreira de empreendedor e também à frente de uma empresa que ajuda empreendedores a transformar seus sonhos em negócios, deparo-me com alguns erros que se repetem na maioria dos empreendedores. Erros que também já cometi em algum momento em minha trajetória empreendedora, que se compartilhados, podem ser evitados por muita gente. Afinal, quais são esses erros?

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1 – Apaixonar-se demasiadamente por uma ideia 

Nos tempos atuais, em que vivemos na Era do Conhecimento, empreender virou sinônimo de ter uma ideia brilhante, que transforma mercados e o mundo. Diante disso, vejo empreendedores em busca de uma ideia revolucionária, que irá mudar uma indústria inteira.

O grande problema de se buscar a “big idea” é que vemos cada vez mais as pessoas se apaixonando demais por ideias e se preocupando pouco em questionar sua viabilidade ou como implementá-la.

Não questiono a importância em se ter uma boa ideia, porém o seu sucesso ou fracasso com essa ideia depende exclusivamente da sua capacidade de implementação. Por isso, é importante compartilhar essa ideia com o máximo de pessoas e testa-la no mundo real, de diferentes formas.

Talvez a grande sacada seja, quando se tiver uma grande ideia, testar ao máximo sua viabilidade, para depois se apaixonar por ela, e não o contrário. Se você se apaixona por uma ideia antes de avaliar seu real valor, dificilmente irá conseguir fazer uma análise crítica desta ideia. Afinal, é difícil criticar algo que estamos apaixonados.

2 – Não estudar a fundo o mercado

A história se repete: o empreendedor teve uma ideia diferente, não se lembrou de nada parecido no mercado. Eureka! Estou diante de um negócio totalmente inovador no mercado.

Será verdade? Infelizmente é bem provável que em algum lugar alguém também esteja empreendendo algo parecido.

O que é bastante comum entre empreendedores seduzidos por ideias supostamente revolucionárias, é realizar estudos muito rasos de mercado, ou ainda nem avaliar. No fundo, parece que estudar o mercado pode trazer uma resposta desagradável, de que sua ideia não é tão inovadora ou ainda alguém já tentou e fracassou.

Esse é o ponto: o estudo do mercado é crucial para entender se existe mercado para sua ideia, se concorrentes já se organizaram diante desse negócio, ajuda identificar os pontos de fraqueza da sua ideia e oportunidades de negócios.

Existem várias formas de se fazer um estudo de mercado: a forma básica é pesquisar no Google. Mas faça uma pesquisa aprofundada, que vai muito além da primeira página e de meia dúzias de palavras-chave. Pesquise diferentes termos, sinônimos, pense em como seu potencial cliente pesquisaria sobre como solucionar o problema que você deseja resolver.

Outra pesquisa ainda envolvendo o Google é utilizar a ferramenta “planejador de palavras-chave”que irá te dizer qual o volume de pesquisas que as palavras-chave do seu negócio apresentam. Com essa informação será possível dimensionar uma possível demanda para o seu produto ou serviço.

Também é importante saber se existe algum negócio semelhante ao seu. Para isso, existem alguns diretórios de startups: para pesquisar no Brasil sugiro consultar o AbStartups e fora do Brasil o Angel List.

Caso esteja pensando em montar um app mobile, também é importante consultar o App Leaks.

3 – Pensar em funcionalidades e não em proposta de valor

Um erro muito comum de quem busca empreender com tecnologia é fundamentar sua ideia de negócios em funcionalidade de serviços e não em proposta de valor. Em outras palavras, o empreendedor pensa em um botão que vai facilitar o pagamento ou ainda uma solução que agrega duas ou mais funcionalidades de soluções distintas que estão no mercado.

A grande fragilidade de se pensar dessa forma é que as pessoas não compram funcionalidades e sim benefícios. Você não usa o Facebook por conta do chat da rede social e sim pelo fato de que através dessa ferramenta você pode saber quem da sua rede de contatos está online e acessá-la facilmente.

Para testar sua proposta de valor é preciso compreender a fundo a dor dos seus potenciais clientes e oferecer algo que eles reconheçam que os ajude a solucionar esse problema legítimo. Quando falamos de proposta de valor, ela precisa ser clara para seu cliente e não para você, empreendedor e dono da ideia. Outro ponto importante: eles precisam estar dispostos a pagar por essa proposta de valor.

Um caso recente do quão frágil é depender de uma funcionalidade para se construir valor envolve o Snapchat. Em novembro de 2015 a startup lançou a função Snapchat Stories, que permite postar vídeos curtos e foi um sucesso entre seus usuários. Em pouco menos de um ano, o Instagram simplesmente copiou a funcionalidade e desde então a rede social do Facebook está roubando postagens do Snapchat. Essa queda ocorre em um momento delicado, em que o Snapchat está às vésperas de realizar o seu IPO.

Qual o foi segredo do Instagram e a fragilidade do Snapchat? Base de usuários. O Instagram possui o dobro de tamanho do Snapchat e o suporte da maior rede social do mundo. Para eles, desenvolver uma funcionalidade pode ser simples e com sua capacidade de investimento em marketing e com um canal de vendas bem refinado, vender uma nova funcionalidade não é a tarefa mais complexa do mundo.

4 – Pensar de maneira complexa

Como normalmente os empreendedores se apegam a uma ideia que vai mudar o mundo e pensam em inúmeras funcionalidades, é natural que suas ideias de negócios sejam complexas.

Em geral, quando ouço uma ideia mirabolante, que na maioria das vezes é boa, existem 3 a 4 negócios diferentes dentro da mesma ideia. O ponto aqui é que os empreendedores precisam treinar melhor o olhar para compreender que as pessoas não compram algo complexo. Se a ideia precisa de mais do que 30 segundos para ser explicada, é bem provável que você tem um problema. Ideias complexas também aumentam o custo de implementação e o risco de fracasso.

Se você vai empreender, pense de maneira simples, que é muito mais difícil e desafiador. Depois de ver as coisas de um jeito mais simples, implemente uma fração da sua ideia no formato de um MVP (Mínimo Produto Viável) para testar o conceito.

5 – Não ter bons sócios

Empreender exige uma grande dose de desafio. Além de habilidades técnicas e gerenciais, será preciso lidar bem com suas emoções. Diante de diferentes exigências, é recomendável buscar um sócio para se compartilhar responsabilidades, tarefas, angústias e riscos.

Algo bem frequente nos empreendedores iniciais é não dar a devida importância em se criar critérios objetivos na busca de um sócio. O mais comum é se chamar um amigo para entrar junto na nova empreitada.

Não existe uma regra que amigos não são bem-vindos em uma sociedade. Porém, é necessário imaginar que o seu sócio deve ser alguém com perfil complementar. Vai ser a segunda pessoa mais cara da empresa e ela deve agregar. Mesmo que esse amigo tenha um perfil complementar, saiba que sociedade é como um casamento. É algo legal, que exige afinidade, que um amigo pode oferecer, porém, existe muito desgaste, que precisa ser gerido no dia a dia. Portanto, fica a pergunta: vale a pena chamar um amigo para ser sócio?

Verdade que não existe resposta fechada para essa pergunta, mas é bom refletir se vale a pena colocar uma amizade em risco e o seu negócio também.

Outro erro comum é ter um único critério para se chamar uma pessoa para ser sócio. Normalmente ocorre quando o empreendedor precisa de um sócio técnico e ele convida alguém com essa bagagem tecnicista, porém ignora se essa pessoa possui objetivos comuns, se os valores pessoais estão próximos, se a pessoa tem perfil empreendedor. É como conhecer alguém na balada e já pedir em casamento. Acredite, tem muita gente fazendo isso.

Se você não possui ninguém para ser seu sócio e você realmente precisa de um, é melhor adiar um pouco o sonho de empreender. Enquanto isso, comece a frequentar eventos de empreendedorismo, participe de grupos de discussão no LinkedIn e outros fóruns. Certamente você irá conhecer pessoas e em algum momento esse sócio irá aparecer.

6 – Não ter um plano para transição de carreira

Esse problema surge para empreendedores que possuem um emprego e desejam seguir carreira solo como empreendedor. Em geral são pessoas que possuem um bom emprego, com salários e benefícios vantajosos e o profissional deseja ficar milionário com sua ideia.

Para esse perfil de empreendedor, em muitos casos eles ignoram alguns elementos do sonho de se viver do próprio negócio. O primeiro ponto que ignoram é o timing das coisas. Imaginam que vão montar seu negócio e rapidamente sua startup será fonte de receita. O otimismo é muito importante para o empreendedor, mas é preciso dosa-lo com uma grande pitada de realismo. É preciso pensar em um ano e meio a dois sem salário.

O segundo ponto que ignoram é a necessidade real de capital para se montar um empreendimento. Esse erro é potencializado entre quem imagina empreender algo na web. Os empreendedores subdimensionam o investimento de se montar um e-commerce, app mobile ou marketplace. Em geral eles olham apenas para o custo de desenvolvimento da plataforma, que na maioria das vezes é o menor custo. Para qualquer negócio digital é preciso audiência e para isso é preciso investir-se em marketing. Cada vez mais o custo de aquisição de clientes nos canais digitais aumenta.

Diante desses dois pontos que os empreendedores ignoram, muitos não realizam um plano correto de transição de carreira, em que vão deixar um emprego estável, mas muitas vezes chato, para um negócio dinâmico, mas que consome muito dinheiro e com retorno incerto.

Para se fazer a transição de maneira mais suave é preciso ter caixa para bancar o negócio e a si próprio e família por um período de até dois anos. Além da transição financeira, é preciso cuidar de outras questões, como os relacionamentos que mudam. É bem provável que quem trabalha em grandes empresas, depois que vira empreendedor, vai sentir uma solidão absurda. Muitas decisões serão tomadas sozinhas e até o almoço e o cafezinho que você toma vai mudar de dinâmica. Muitas vezes você não terá companheiros para atividades simples, como essas. Portanto, cuide para manter uma base de pessoas próximas no novo emprego.

7 – Querer montar o Uber de alguma coisa

Depois do sucesso estrondoso do Uber, que talvez foi a startup que melhor utilizou e popularizou o conceito de economia compartilhada, muitos empreendedores desejam montar o Uber dos eletricistas, o Uber dos professores de inglês, o Uber das manicures e por aí vai.

Realmente vivemos em um mundo em que os negócios não comportam mais muitos intermediários e pessoas ganham consciência que compartilhar recursos e vender seus talentos pode ser uma alternativa interessante, sobretudo em momentos de crise econômica.

O lado que poucos empreendedores enxergam que montar o Uber de qualquer segmento normalmente exige um investimento financeiro muito alto. Primeiro, em tecnologia. Se você vai intermediar uma transação entre duas partes, é preciso ter uma plataforma que atenda bem os dois lados. O segundo investimento, certamente o maior, é em conquistar usuários, neste caso, dos dois lados: o ofertante e o demandador do serviço ou produto. Trata-se basicamente de um marketplace e realizar marketing de um negócio de marketplace geralmente exige muito investimento. Certamente vai ser preciso comprar muita mídia online e possuir equipes de vendas para ganhar escala nesse negócio.

Além da questão financeira, outro ponto que pode surgir, como no caso do Uber e Airbnb, são questões regulatórias. Em muitos mercados, existem questões legais que impedem ou dificultam entrar um ofertante de serviço que quebre as regras atuais. Pode ser nobre e desafiador mudar um mercado, mas isso leva mais tempo e investimento para ocorrer.

8 – Imaginar que um investidor será a primeira pessoa a correr o risco

Todo negócio envolve riscos, sobretudo startups. Nesse ponto até o mais romântico dos empreendedores compreende essa questão. Porém, o que muitos não enxergam, é que como empreendedores, eles devem ser os primeiros a pagar por esse risco.

É comum empreendedores apaixonados por ideias fantásticas, estruturar um projeto e esperar que um investidor aporte uma quantia generosa por essa ideia sem antes ele ter investido um único centavo ou ainda tempo suficiente para desenvolver o negócio.

Em muitos casos esses empreendedores dizem: “quando receber o investimento, saio do meu emprego”. Sair de um emprego é investimento de tempo e dinheiro e envolve risco. Se o empreendedor não fez isso, porque um investidor deveria colocar dinheiro no seu negócio? Verdade que ele não vai colocar.

Outra coisa comum é o empreendedor não ter recursos para pagar um fornecedor, que pode ser o desenvolvedor de uma tecnologia ou a empresa que cuidará do seu marketing. Em muitas situações, o empreendedor convida o fornecedor e oferece um “sucess fee” em que se tudo der certo, o fornecedor ganha pelo trabalho, mas se der errado, ele perde como um sócio, embora ele não seja sócio. Qual a atratividade desse tipo de acordo?

9 – Pensar apenas em startups ou empresas de tecnologia

Nos últimos vinte anos a tecnologia mudou nossa vida e a forma que fazemos negócios. A internet nasceu e com ela apareceram as primeiras empresas de e-commerce, conteúdo online, redes sociais, aplicativos mobile, novos gadgets entre outros.

Nesse período jovens ficaram milionários da noite para o dia e essas empresas tecnológicas lançaram no mercado um novo jeito de fazer negócio e mais, uma nova cultura empresarial emergiu. Diante de tanta mudança legal, a maioria dos empreendedores busca montar um negócio de base tecnológica e/ou uma startup.

Realmente não temos como ignorar o curso da história e do avanço tecnológico. Porém, existem muitos negócios tradicionais, que ainda são atrativos e que precisam de gente capacitada para desenvolvê-los. E mais: nem todo mundo tem perfil e/ou conhecimento técnico para montar uma startup.

Nesse ponto muitos empreendedores se equivocam. É bastante comum pessoas antenadas nas últimas inovações buscarem montar uma empresa de internet das coisas ou uma plataforma de micro influenciadores sem possuir nenhuma bagagem técnica ou conhecimento do negócio. Infelizmente a chance de sucesso nesse caso é baixa.

Por outro lado, existem inúmeros empreendedores inovando no jeito de fazer sorvetes, vender roupas, montar um café ou restaurante por quilo, sem deixar a tecnologia e criatividade de lado. Aqui é preciso ser realista e ter uma boa dose de autocrítica para definir em qual segmento atuar. Certamente seguir o modismo das startups não garante sucesso, pelo contrário, gera frustrações.

10 – Ter a “Síndrome”de conquistar 1% do mercado

 Empreendedores apaixonados por suas ideias em muitas situações as defendem com o seguinte raciocínio: “imagine se eu conquistar 1% do mercado brasileiro…”

Realmente em muitos negócios possuir a fatia de 1% de share representa muito dinheiro. E quem não consegue conquistar míseros 1%?

A falácia desse raciocínio ocorre que em mercados grandes, em que a conquista de um 1% de mercado representa bastante dinheiro, geralmente se trata de segmentos de negócios bastante competitivos e pulverizados. Nesses casos, a conquista desse 1% provavelmente vai exigir um esforço muito grande de trabalho e investimento, pontos que esses empreendedores que defendem a ideia pela conquista do 1% ignoram.

Pode ser muito interessante atuar em um mercado amplo, afinal sempre vai existir demanda. A questão que fica é afastar o romantismo que basta conquistar 1% dos clientes para ficar rico. Você pode conquistar até mais do que esse percentual, mas provavelmente vai entrar numa briga bem competitiva.

O que achou desses erros? O objetivo dessa lista é compartilhar algumas observações e gerar debate. Certamente existem outras questões que ficaram de fora e o ponto de vista que trago é baseado em minha vivência profissional, que certamente não contempla visão única das coisas. Deixe seu comentário, ele vai enriquecer muito essa discussão.

 

 

Saídas para não fomentarmos a crise

As projeções menos pessimistas apontam que a economia brasileira vai encolher 3% em 2015. A taxa de desemprego já está próxima de 9%. A inflação disparou e bateu 9%. Não são apenas os indicadores econômicos que estão ruins. A crise é real, afeta nosso dia a dia e está por todo lado: na conversa do botequim, na reclamação insistente do nosso melhor cliente e sobretudo na mídia. Por onde vamos, a crise está presente.

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E quem dera fosse apenas uma crise econômica. Temos a crise política, com novos escândalos de corrupção brotando a todo instante nas três esferas do poder. A degradação dos valores morais da nossa classe política parece não ter limites. Diante de tantos infortúnios, paira sobre o Brasil uma atmosfera densa e obscura, que traz diferentes dificuldades, seja para o empreendedor, empresário, o trabalhador assalariado ou o alto executivo.

O grande segredo para passar por todas essas turbulências, sobreviver e até crescer é cuidar da maneira como vemos todas essas crises. Trata-se, de modo bem objetivo, de escolher a lente que vamos usar para olhar para toda essa bagunça que o Brasil se meteu. Se escolhermos a lente do pessimismo, vamos sofrer com cada declaração da nossa presidente, com a constante desvalorização do dólar ou com as demissões que chegam cada vez mais perto da gente. Por outro lado, a lente da construção nos permite enxergar que existe muito trabalho a ser feito, como ganho de eficiência, aprimoramento profissional e descoberta do desconhecido.

A grande dificuldade em encontrar oportunidades em momentos como esse é que o assunto crise é dominante. Ele está na mídia o tempo todo. No noticiário diário, ele domina mais de 50% da pauta jornalística. Em 2015, pelo menos 2/3 das capas das principais revistas semanais, bem como das revistas de negócios, falavam de crise. Todo dia sai um novo indicador econômico que sofreu uma grande queda absurda. Pergunta: pra quê acompanhar todo esse tipo de notícia negativa? O que esse conteúdo faz para melhorar o seu dia? Nada!

Não se trata de negar a realidade, mas em situações em que temos um grande problema, a solução geralmente não passa em ficarmos olhando obstinadamente para o problema. É necessário expandir a visão para encontrar possibilidades.

Na crise é mais fácil se diferenciar, pois em momentos difíceis as pessoas tendem a agir de maneira muito defensiva, portanto, todo mundo fica muito parecido. Atualmente está todo mundo reclamando de alguma coisa ou de muitas coisas. Quer ser diferente? Seja uma pessoa positiva na essência e veja as possibilidades que estão surgindo atualmente. Ainda que elas são talvez menores e menos visíveis, as oportunidades estão aí. Se você agir assim, você vai conquistar mais gente e a crise vai passar longe de você.

Veja alguns exemplos: entre janeiro e setembro deste ano, as salas de cinema tiveram um crescimento de público de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Muita gente optou pelo cinema esse ano como opção de lazer, em relação a outras formas de diversão mais caras. Ainda que muitos bares e restaurantes estão tendo queda de faturamento em São Paulo, existem algumas ilhas sem crise por aqui. Pontos tradicionais da cidade como o Spot, Figueira Rubaiyat e Fasano continuam com a clientela cativa e as filas não param. O recém inaugurado Eataly recebe 3.500 pessoas diariamente, número que dobra nos finais de semana. Para esse pessoal não tem crise.

E a justificativa não pode ser apenas que estes estabelecimentos são voltados para um público endinheirado, menos sensível à crise. Existe oportunidade para todo mundo. Em momentos de tensão, as pessoas procuram produtos de autoindulgência, que as fazem se sentir bem diante de alguns cortes no orçamento. Produtos para beleza, chocolates e doces, a compra de uma peça de roupa ou pequenos mimos não vão sair do dia a dia dos consumidores tão cedo e pelo contrário, tendem a ter suas vendas aumentadas.

O grande segredo para superar as crises política e econômica que o país atravessa é deixa-las em segundo plano. Não acompanhe noticiário negativo, não fomente discussões catastróficas e não entre na onda da reclamação. Tudo isso pode parecer meio piegas, mas em momentos de dificuldade temos que agir da maneira mais simples possível. E a simplicidade neste momento está em trabalhar no ganho da eficiência e aumento da produtividade, em entender o quê os seus clientes querem ou o quê o seu chefe precisa para atingir sua meta. Valores que parece que perdemos quando o Brasil esteve em momentos melhores.

As associações de classe estão falidas?

Toda empresa pertence a um mercado ou segmento específico. Esse mercado tem outras empresas, que possuem interesses em comum. Diante desse cenário, nada melhor do que uma associação para representar os interesses desse grupo de empresas e fomentar negócios.

Ao longo dos últimos dois séculos, inúmeras associações, federações, câmaras de comércio, entidades patronais entre outras configurações de organizações surgiram para representar os interesses das empresas que elas agregam. Algumas dessas instituições ganharam grande peso político e econômico e passaram a ditar políticas de mercado e normas de operação.

Tudo isso parece muito interessante e eficiente. Basta você se associar à entidade que representa o mercado da sua empresa, participar de uma ou duas Câmaras de Comércio, que você estará representado por uma entidade superior, que defenderá os seus interesses como empresário e os negócios fluirão de uma maneira espetacular.

Talvez esse cenário tenha existido para alguns empresários, mas o que se nota hoje é a grande apatia que se encontram as associações representativas, independente do mercado em que elas se encontram. Fundamentadas em um modelo de negócios ultrapassado, essas associações vivem de mensalidades, doações e cotas de patrocínio de eventos e publicações. O problema não está em obter recursos dessas três formas. A grande questão é: o que essas associações agregam para seus associados ou patrocinadores?

Esse é o grande nó que as associações se meteram nos últimos anos. No passado, reunir um grupo de empresários e montar um grande mailing segmentado era garantia de poder e bonança. Hoje, isso tem pouco valor para gerar negócios. Primeiro porque existem hoje inúmeros caminhos para se obter um mailing de determinado segmento, que provavelmente terá uma qualidade superior ao mailing de uma associação. Segundo e o mais importante: obter mailing frio para se fazer negócio não funciona mais. Hoje é necessário desenvolver relacionamentos profundos para que os negócios se desenvolvam. Nesse ponto poucas associações estão interessadas em investir e oferecer para seus associados.

Com isso o ciclo vicioso se fecha. As associações oferecem pouco aos associados, que deixam a entidade. Com menos associados, as receitas caem e as associações definham.

Cabe sobretudo ao pequeno empresário ser bastante criterioso sobre qual associação se juntar. A maioria delas vendem glamour, números expressivos de membros, quando na verdade você vai ganhar apenas um anuário que não vai servir para muita coisa.

Compartilhe sua ideia

Uma situação cada vez mais comum no dia a dia das empresas é o profissional estar cansado da sua rotina dentro da corporação e ficar seduzido por uma ideia supostamente genial de algum empreendimento que pode tira-lo daquele marasmo corporativo. Na verdade não existe nenhum problema em ter ideias e muito menos pensar em implementá-la. A grande questão que fica é o que você faz com essa ideia.Compartilhe sua ideia_leandro ramos

Caso você tenha tido uma ideia brilhante, de um negócio totalmente inovador, o maior erro que você pode cometer é não compartilhar esse pensamento com as pessoas. Não tenha medo de alguém implementar essa ideia antes de você. O segredo de um negócio não está essencialmente na ideia e sim na maneira como ela é executada. No mundo dos negócios existe a máxima de que mais vale uma ideia medíocre bem implementada do que uma ideia genial mal executada.

As ideias cegam os empreendedores e normalmente não surgem exatamente pronta para ser colocada em prática. Portanto, quanto mais você compartilhar seu pensamento, mais chance você terá de ser questionado e lapidar para transformar essa ideia em negócio.

Uma vez decidido compartilhar sua ideia, resta saber com quem dividir. O primeiro passo é procurar pessoas de confiança, que possam agregar uma análise crítica aos seus planos empreendedores. Fuja de pessoas que concordam com tudo o que você pensa ou ainda dos pessimistas. O que você precisa nesse momento é de alguém com experiência. Caso pense falar com um colega da empresa, precisa ser alguém de confiança e vale deixar claro que trata-se ainda de uma ideia embrionária e que não significa que você está deixando o trabalho atual para executá-la.

Após colher diferentes feedbacks, uma análise interna precisa ser feita para descobrir se você não está apenas seduzido por uma boa ideia. Uma vez que o segredo de uma ideia está na sua implementação, é preciso avaliar se você está disposto a colocar a mão na massa. Além disso, é importante analisar ainda se você possui condições operacionais e financeiras para coloca-la em prática. Se você disse algum não para essas questões, talvez seja melhor você rever os planos de seguir em frente com essa ideia. Caso a resposta seja positiva, o próximo passo é você iniciar o processo de estruturação dessa ideia.