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10 erros comuns de quem quer montar um negócio

Ao longo da minha carreira de empreendedor e também à frente de uma empresa que ajuda empreendedores a transformar seus sonhos em negócios, deparo-me com alguns erros que se repetem na maioria dos empreendedores. Erros que também já cometi em algum momento em minha trajetória empreendedora, que se compartilhados, podem ser evitados por muita gente. Afinal, quais são esses erros?

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1 – Apaixonar-se demasiadamente por uma ideia 

Nos tempos atuais, em que vivemos na Era do Conhecimento, empreender virou sinônimo de ter uma ideia brilhante, que transforma mercados e o mundo. Diante disso, vejo empreendedores em busca de uma ideia revolucionária, que irá mudar uma indústria inteira.

O grande problema de se buscar a “big idea” é que vemos cada vez mais as pessoas se apaixonando demais por ideias e se preocupando pouco em questionar sua viabilidade ou como implementá-la.

Não questiono a importância em se ter uma boa ideia, porém o seu sucesso ou fracasso com essa ideia depende exclusivamente da sua capacidade de implementação. Por isso, é importante compartilhar essa ideia com o máximo de pessoas e testa-la no mundo real, de diferentes formas.

Talvez a grande sacada seja, quando se tiver uma grande ideia, testar ao máximo sua viabilidade, para depois se apaixonar por ela, e não o contrário. Se você se apaixona por uma ideia antes de avaliar seu real valor, dificilmente irá conseguir fazer uma análise crítica desta ideia. Afinal, é difícil criticar algo que estamos apaixonados.

2 – Não estudar a fundo o mercado

A história se repete: o empreendedor teve uma ideia diferente, não se lembrou de nada parecido no mercado. Eureka! Estou diante de um negócio totalmente inovador no mercado.

Será verdade? Infelizmente é bem provável que em algum lugar alguém também esteja empreendendo algo parecido.

O que é bastante comum entre empreendedores seduzidos por ideias supostamente revolucionárias, é realizar estudos muito rasos de mercado, ou ainda nem avaliar. No fundo, parece que estudar o mercado pode trazer uma resposta desagradável, de que sua ideia não é tão inovadora ou ainda alguém já tentou e fracassou.

Esse é o ponto: o estudo do mercado é crucial para entender se existe mercado para sua ideia, se concorrentes já se organizaram diante desse negócio, ajuda identificar os pontos de fraqueza da sua ideia e oportunidades de negócios.

Existem várias formas de se fazer um estudo de mercado: a forma básica é pesquisar no Google. Mas faça uma pesquisa aprofundada, que vai muito além da primeira página e de meia dúzias de palavras-chave. Pesquise diferentes termos, sinônimos, pense em como seu potencial cliente pesquisaria sobre como solucionar o problema que você deseja resolver.

Outra pesquisa ainda envolvendo o Google é utilizar a ferramenta “planejador de palavras-chave”que irá te dizer qual o volume de pesquisas que as palavras-chave do seu negócio apresentam. Com essa informação será possível dimensionar uma possível demanda para o seu produto ou serviço.

Também é importante saber se existe algum negócio semelhante ao seu. Para isso, existem alguns diretórios de startups: para pesquisar no Brasil sugiro consultar o AbStartups e fora do Brasil o Angel List.

Caso esteja pensando em montar um app mobile, também é importante consultar o App Leaks.

3 – Pensar em funcionalidades e não em proposta de valor

Um erro muito comum de quem busca empreender com tecnologia é fundamentar sua ideia de negócios em funcionalidade de serviços e não em proposta de valor. Em outras palavras, o empreendedor pensa em um botão que vai facilitar o pagamento ou ainda uma solução que agrega duas ou mais funcionalidades de soluções distintas que estão no mercado.

A grande fragilidade de se pensar dessa forma é que as pessoas não compram funcionalidades e sim benefícios. Você não usa o Facebook por conta do chat da rede social e sim pelo fato de que através dessa ferramenta você pode saber quem da sua rede de contatos está online e acessá-la facilmente.

Para testar sua proposta de valor é preciso compreender a fundo a dor dos seus potenciais clientes e oferecer algo que eles reconheçam que os ajude a solucionar esse problema legítimo. Quando falamos de proposta de valor, ela precisa ser clara para seu cliente e não para você, empreendedor e dono da ideia. Outro ponto importante: eles precisam estar dispostos a pagar por essa proposta de valor.

Um caso recente do quão frágil é depender de uma funcionalidade para se construir valor envolve o Snapchat. Em novembro de 2015 a startup lançou a função Snapchat Stories, que permite postar vídeos curtos e foi um sucesso entre seus usuários. Em pouco menos de um ano, o Instagram simplesmente copiou a funcionalidade e desde então a rede social do Facebook está roubando postagens do Snapchat. Essa queda ocorre em um momento delicado, em que o Snapchat está às vésperas de realizar o seu IPO.

Qual o foi segredo do Instagram e a fragilidade do Snapchat? Base de usuários. O Instagram possui o dobro de tamanho do Snapchat e o suporte da maior rede social do mundo. Para eles, desenvolver uma funcionalidade pode ser simples e com sua capacidade de investimento em marketing e com um canal de vendas bem refinado, vender uma nova funcionalidade não é a tarefa mais complexa do mundo.

4 – Pensar de maneira complexa

Como normalmente os empreendedores se apegam a uma ideia que vai mudar o mundo e pensam em inúmeras funcionalidades, é natural que suas ideias de negócios sejam complexas.

Em geral, quando ouço uma ideia mirabolante, que na maioria das vezes é boa, existem 3 a 4 negócios diferentes dentro da mesma ideia. O ponto aqui é que os empreendedores precisam treinar melhor o olhar para compreender que as pessoas não compram algo complexo. Se a ideia precisa de mais do que 30 segundos para ser explicada, é bem provável que você tem um problema. Ideias complexas também aumentam o custo de implementação e o risco de fracasso.

Se você vai empreender, pense de maneira simples, que é muito mais difícil e desafiador. Depois de ver as coisas de um jeito mais simples, implemente uma fração da sua ideia no formato de um MVP (Mínimo Produto Viável) para testar o conceito.

5 – Não ter bons sócios

Empreender exige uma grande dose de desafio. Além de habilidades técnicas e gerenciais, será preciso lidar bem com suas emoções. Diante de diferentes exigências, é recomendável buscar um sócio para se compartilhar responsabilidades, tarefas, angústias e riscos.

Algo bem frequente nos empreendedores iniciais é não dar a devida importância em se criar critérios objetivos na busca de um sócio. O mais comum é se chamar um amigo para entrar junto na nova empreitada.

Não existe uma regra que amigos não são bem-vindos em uma sociedade. Porém, é necessário imaginar que o seu sócio deve ser alguém com perfil complementar. Vai ser a segunda pessoa mais cara da empresa e ela deve agregar. Mesmo que esse amigo tenha um perfil complementar, saiba que sociedade é como um casamento. É algo legal, que exige afinidade, que um amigo pode oferecer, porém, existe muito desgaste, que precisa ser gerido no dia a dia. Portanto, fica a pergunta: vale a pena chamar um amigo para ser sócio?

Verdade que não existe resposta fechada para essa pergunta, mas é bom refletir se vale a pena colocar uma amizade em risco e o seu negócio também.

Outro erro comum é ter um único critério para se chamar uma pessoa para ser sócio. Normalmente ocorre quando o empreendedor precisa de um sócio técnico e ele convida alguém com essa bagagem tecnicista, porém ignora se essa pessoa possui objetivos comuns, se os valores pessoais estão próximos, se a pessoa tem perfil empreendedor. É como conhecer alguém na balada e já pedir em casamento. Acredite, tem muita gente fazendo isso.

Se você não possui ninguém para ser seu sócio e você realmente precisa de um, é melhor adiar um pouco o sonho de empreender. Enquanto isso, comece a frequentar eventos de empreendedorismo, participe de grupos de discussão no LinkedIn e outros fóruns. Certamente você irá conhecer pessoas e em algum momento esse sócio irá aparecer.

6 – Não ter um plano para transição de carreira

Esse problema surge para empreendedores que possuem um emprego e desejam seguir carreira solo como empreendedor. Em geral são pessoas que possuem um bom emprego, com salários e benefícios vantajosos e o profissional deseja ficar milionário com sua ideia.

Para esse perfil de empreendedor, em muitos casos eles ignoram alguns elementos do sonho de se viver do próprio negócio. O primeiro ponto que ignoram é o timing das coisas. Imaginam que vão montar seu negócio e rapidamente sua startup será fonte de receita. O otimismo é muito importante para o empreendedor, mas é preciso dosa-lo com uma grande pitada de realismo. É preciso pensar em um ano e meio a dois sem salário.

O segundo ponto que ignoram é a necessidade real de capital para se montar um empreendimento. Esse erro é potencializado entre quem imagina empreender algo na web. Os empreendedores subdimensionam o investimento de se montar um e-commerce, app mobile ou marketplace. Em geral eles olham apenas para o custo de desenvolvimento da plataforma, que na maioria das vezes é o menor custo. Para qualquer negócio digital é preciso audiência e para isso é preciso investir-se em marketing. Cada vez mais o custo de aquisição de clientes nos canais digitais aumenta.

Diante desses dois pontos que os empreendedores ignoram, muitos não realizam um plano correto de transição de carreira, em que vão deixar um emprego estável, mas muitas vezes chato, para um negócio dinâmico, mas que consome muito dinheiro e com retorno incerto.

Para se fazer a transição de maneira mais suave é preciso ter caixa para bancar o negócio e a si próprio e família por um período de até dois anos. Além da transição financeira, é preciso cuidar de outras questões, como os relacionamentos que mudam. É bem provável que quem trabalha em grandes empresas, depois que vira empreendedor, vai sentir uma solidão absurda. Muitas decisões serão tomadas sozinhas e até o almoço e o cafezinho que você toma vai mudar de dinâmica. Muitas vezes você não terá companheiros para atividades simples, como essas. Portanto, cuide para manter uma base de pessoas próximas no novo emprego.

7 – Querer montar o Uber de alguma coisa

Depois do sucesso estrondoso do Uber, que talvez foi a startup que melhor utilizou e popularizou o conceito de economia compartilhada, muitos empreendedores desejam montar o Uber dos eletricistas, o Uber dos professores de inglês, o Uber das manicures e por aí vai.

Realmente vivemos em um mundo em que os negócios não comportam mais muitos intermediários e pessoas ganham consciência que compartilhar recursos e vender seus talentos pode ser uma alternativa interessante, sobretudo em momentos de crise econômica.

O lado que poucos empreendedores enxergam que montar o Uber de qualquer segmento normalmente exige um investimento financeiro muito alto. Primeiro, em tecnologia. Se você vai intermediar uma transação entre duas partes, é preciso ter uma plataforma que atenda bem os dois lados. O segundo investimento, certamente o maior, é em conquistar usuários, neste caso, dos dois lados: o ofertante e o demandador do serviço ou produto. Trata-se basicamente de um marketplace e realizar marketing de um negócio de marketplace geralmente exige muito investimento. Certamente vai ser preciso comprar muita mídia online e possuir equipes de vendas para ganhar escala nesse negócio.

Além da questão financeira, outro ponto que pode surgir, como no caso do Uber e Airbnb, são questões regulatórias. Em muitos mercados, existem questões legais que impedem ou dificultam entrar um ofertante de serviço que quebre as regras atuais. Pode ser nobre e desafiador mudar um mercado, mas isso leva mais tempo e investimento para ocorrer.

8 – Imaginar que um investidor será a primeira pessoa a correr o risco

Todo negócio envolve riscos, sobretudo startups. Nesse ponto até o mais romântico dos empreendedores compreende essa questão. Porém, o que muitos não enxergam, é que como empreendedores, eles devem ser os primeiros a pagar por esse risco.

É comum empreendedores apaixonados por ideias fantásticas, estruturar um projeto e esperar que um investidor aporte uma quantia generosa por essa ideia sem antes ele ter investido um único centavo ou ainda tempo suficiente para desenvolver o negócio.

Em muitos casos esses empreendedores dizem: “quando receber o investimento, saio do meu emprego”. Sair de um emprego é investimento de tempo e dinheiro e envolve risco. Se o empreendedor não fez isso, porque um investidor deveria colocar dinheiro no seu negócio? Verdade que ele não vai colocar.

Outra coisa comum é o empreendedor não ter recursos para pagar um fornecedor, que pode ser o desenvolvedor de uma tecnologia ou a empresa que cuidará do seu marketing. Em muitas situações, o empreendedor convida o fornecedor e oferece um “sucess fee” em que se tudo der certo, o fornecedor ganha pelo trabalho, mas se der errado, ele perde como um sócio, embora ele não seja sócio. Qual a atratividade desse tipo de acordo?

9 – Pensar apenas em startups ou empresas de tecnologia

Nos últimos vinte anos a tecnologia mudou nossa vida e a forma que fazemos negócios. A internet nasceu e com ela apareceram as primeiras empresas de e-commerce, conteúdo online, redes sociais, aplicativos mobile, novos gadgets entre outros.

Nesse período jovens ficaram milionários da noite para o dia e essas empresas tecnológicas lançaram no mercado um novo jeito de fazer negócio e mais, uma nova cultura empresarial emergiu. Diante de tanta mudança legal, a maioria dos empreendedores busca montar um negócio de base tecnológica e/ou uma startup.

Realmente não temos como ignorar o curso da história e do avanço tecnológico. Porém, existem muitos negócios tradicionais, que ainda são atrativos e que precisam de gente capacitada para desenvolvê-los. E mais: nem todo mundo tem perfil e/ou conhecimento técnico para montar uma startup.

Nesse ponto muitos empreendedores se equivocam. É bastante comum pessoas antenadas nas últimas inovações buscarem montar uma empresa de internet das coisas ou uma plataforma de micro influenciadores sem possuir nenhuma bagagem técnica ou conhecimento do negócio. Infelizmente a chance de sucesso nesse caso é baixa.

Por outro lado, existem inúmeros empreendedores inovando no jeito de fazer sorvetes, vender roupas, montar um café ou restaurante por quilo, sem deixar a tecnologia e criatividade de lado. Aqui é preciso ser realista e ter uma boa dose de autocrítica para definir em qual segmento atuar. Certamente seguir o modismo das startups não garante sucesso, pelo contrário, gera frustrações.

10 – Ter a “Síndrome”de conquistar 1% do mercado

 Empreendedores apaixonados por suas ideias em muitas situações as defendem com o seguinte raciocínio: “imagine se eu conquistar 1% do mercado brasileiro…”

Realmente em muitos negócios possuir a fatia de 1% de share representa muito dinheiro. E quem não consegue conquistar míseros 1%?

A falácia desse raciocínio ocorre que em mercados grandes, em que a conquista de um 1% de mercado representa bastante dinheiro, geralmente se trata de segmentos de negócios bastante competitivos e pulverizados. Nesses casos, a conquista desse 1% provavelmente vai exigir um esforço muito grande de trabalho e investimento, pontos que esses empreendedores que defendem a ideia pela conquista do 1% ignoram.

Pode ser muito interessante atuar em um mercado amplo, afinal sempre vai existir demanda. A questão que fica é afastar o romantismo que basta conquistar 1% dos clientes para ficar rico. Você pode conquistar até mais do que esse percentual, mas provavelmente vai entrar numa briga bem competitiva.

O que achou desses erros? O objetivo dessa lista é compartilhar algumas observações e gerar debate. Certamente existem outras questões que ficaram de fora e o ponto de vista que trago é baseado em minha vivência profissional, que certamente não contempla visão única das coisas. Deixe seu comentário, ele vai enriquecer muito essa discussão.

 

 

Startups tiram o sono dos bancos

Ao longo das últimas duas décadas, startups até então desconhecidas, utilizaram a inovação tecnológica para modificar mercados inteiros. O Napster mudou a maneira como as pessoas consomem música. A Amazon e o E-Bay criaram o comércio eletrônico. O Uber e o Airbnb estão alterando a maneira como as pessoas se locomovem e hospedam nas cidades. Diante de tantas mudanças, um setor que não estava no radar dessas startups era o financeiro. Com instituições poderosas e um mercado bastante regulamentado, as inovações estavam passando distante desse segmento. Mas esse panorama de defasagem parece fazer parte do passado.

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A onda de startups que resolveram questionar o status quo do mercado financeiro surgiu fora do país já faz alguns anos e no Brasil o movimento se intensificou bastante no último ano, em um cenário com a economia em crise, em que pessoas e empresas buscam ganhos de eficiência. As “fintechs”, como são chamadas as startups que oferecem serviços financeiros, estão modificando a maneira como as pessoas tomam um empréstimo, utilizam um cartão de crédito, investem e até recebem cobrança. A seguir algumas fintechs que já estão inovando no mercado brasileiro:

Nubank

O Nubank mal nasceu e já virou um hit nacional. A empresa oferece um cartão de crédito Mastercard Internacional Platinum sem anuidade ou qualquer outra tarifa. Além desse benefício claro, as taxas de juros do Nubank custam no máximo 7,75% ao mês, a metade do que cobra os grandes bancos.

As vantagens do Nubank não se restringem apenas ao seu custo atrativo. Essa startup ainda oferece um aplicativo ao usuário que permite acessar em tempo real os seus gastos e assim realizar um maior controle das despesas. As interações com a empresa também ocorrem de maneira online. O sucesso do Nubank é tão grande que hoje a empresa possui uma fila de 600 mil pessoas à espera de um cartão.

Controly

 Abrir uma conta bancária sempre foi uma atividade burocrática e que tomava muito tempo. A proposta da Controly é facilitar a vida do cliente. Essa startup funciona como se fosse um banco, mas é um app que possui uma conta pré-paga de cartão, que armazena seu dinheiro e permite o cliente realizar transações.

No dia a dia do cliente da Controly ele visualiza gráficos com evolução de gastos ou ainda seleciona um contato na agenda do smartphone ou Facebook para fazer uma transferência. Em pouco mais de três meses de operação a Controly já possui mais de 3 mil clientes.

Biva

 Com o aprofundamento da crise econômica, os bancos ficaram muito mais restritivos na oferta de crédito. Mas pessoas e empresas continuam precisando de dinheiro emprestado. Diante desse cenário de demanda não atendida, surgiu a Biva, startup que promove empréstimos online.

O mercado peer to peer lending (P2P), como é conhecido fora do Brasil, movimentou US$ 5,98 bi ano passado nos Estados Unidos. Em seu modelo original, uma plataforma tecnológica intermedia a operação entre quem quer emprestar dinheiro e quem precisa do recurso. Como a legislação brasileira não permite o empréstimo direto sem a intermediação de uma instituição financeira, a Biva atua como correspondente bancário, ou seja, algum banco empresta dinheiro para a startup, que empresta para o cliente final.

Para obter um empréstimo na Biva o cliente preenche seus dados online e passa por uma análise de crédito rápida. A maior vantagem ainda é pagar taxas de juros menores que o mercado tradicional.

Kitado

 A Kitado é apenas uma entre algumas startups que prometem mudar a forma de cobrar um cliente em atraso. A primeira grande inovação é trocar as constrangedoras ligações de cobranças por interações pela internet. Ao abordar o cliente, a Kitado objetiva, além de recuperar a dívida, manter a relação com o cliente devedor. Por isso utilizam uma abordagem mais leve, em que já oferecem opções de renegociação.

O que estas startups possuem em comum, além de promoverem inovações no mercado financeiro? Uma primeira similaridade é que apresentam uma baixa estrutura de custos, diferente dos grandes bancos, que com suas pesadas estruturas burocráticas e equipes ineficientes, consumem muito mais dinheiro. O segundo ponto é que essas startups colocam o cliente no centro do processo. Oferecer um serviço financeiro melhor para seus clientes é razão de ser dessas empresas, diferente dos grandes bancos, que antes de mais nada buscam preservar seu poder econômico. Por fim, essas startups utilizam tecnologia para entregar mais valor aos seus clientes, sendo que a maioria possuem apps que simplificam e barateiam a relação com os clientes.

De todas as inovações que as fintechs podem promover, certamente as maiores virão na área de concessão de crédito. Até pouco tempo atrás, o modelo de crédito dos grandes bancos era a grande vantagem competitiva dessas instituições. Hoje pode ser um ponto de limitação ao crescimento. Isso porque as startups possuem uma análise mais aprofundada, com ferramentas de big data que analisam as pegadas digitais dos clientes, geolocalização e até o tipo de aparelho tecnológico que o cliente usa. Com todo esse cenário é muito mais fácil mensurar o risco de oferecer um empréstimo, enquanto que os bancos apresentam modelos de análise que se restringem apenas à população bancarizada.

Evidente que as grandes instituições financeiras não estão paradas. Donas de um poder econômico e político gigantescos, elas possuem recursos, ao menos financeiro, para entrar nessa corrida. Resta saber se iniciativas, como a do Bradesco, que criou o programa InovaBra, para apoio de startups ou ainda a do Itaú, de apoiar um coworking para empresas de tecnologia é capaz de romper o conservadorismo quase secular dessas instituições. Mudança de cultura numa empresa normalmente é feita de dentro para fora e leva tempo, recurso que talvez essas instituições não apresentam em abundância.