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Saídas para não fomentarmos a crise

As projeções menos pessimistas apontam que a economia brasileira vai encolher 3% em 2015. A taxa de desemprego já está próxima de 9%. A inflação disparou e bateu 9%. Não são apenas os indicadores econômicos que estão ruins. A crise é real, afeta nosso dia a dia e está por todo lado: na conversa do botequim, na reclamação insistente do nosso melhor cliente e sobretudo na mídia. Por onde vamos, a crise está presente.

crise

E quem dera fosse apenas uma crise econômica. Temos a crise política, com novos escândalos de corrupção brotando a todo instante nas três esferas do poder. A degradação dos valores morais da nossa classe política parece não ter limites. Diante de tantos infortúnios, paira sobre o Brasil uma atmosfera densa e obscura, que traz diferentes dificuldades, seja para o empreendedor, empresário, o trabalhador assalariado ou o alto executivo.

O grande segredo para passar por todas essas turbulências, sobreviver e até crescer é cuidar da maneira como vemos todas essas crises. Trata-se, de modo bem objetivo, de escolher a lente que vamos usar para olhar para toda essa bagunça que o Brasil se meteu. Se escolhermos a lente do pessimismo, vamos sofrer com cada declaração da nossa presidente, com a constante desvalorização do dólar ou com as demissões que chegam cada vez mais perto da gente. Por outro lado, a lente da construção nos permite enxergar que existe muito trabalho a ser feito, como ganho de eficiência, aprimoramento profissional e descoberta do desconhecido.

A grande dificuldade em encontrar oportunidades em momentos como esse é que o assunto crise é dominante. Ele está na mídia o tempo todo. No noticiário diário, ele domina mais de 50% da pauta jornalística. Em 2015, pelo menos 2/3 das capas das principais revistas semanais, bem como das revistas de negócios, falavam de crise. Todo dia sai um novo indicador econômico que sofreu uma grande queda absurda. Pergunta: pra quê acompanhar todo esse tipo de notícia negativa? O que esse conteúdo faz para melhorar o seu dia? Nada!

Não se trata de negar a realidade, mas em situações em que temos um grande problema, a solução geralmente não passa em ficarmos olhando obstinadamente para o problema. É necessário expandir a visão para encontrar possibilidades.

Na crise é mais fácil se diferenciar, pois em momentos difíceis as pessoas tendem a agir de maneira muito defensiva, portanto, todo mundo fica muito parecido. Atualmente está todo mundo reclamando de alguma coisa ou de muitas coisas. Quer ser diferente? Seja uma pessoa positiva na essência e veja as possibilidades que estão surgindo atualmente. Ainda que elas são talvez menores e menos visíveis, as oportunidades estão aí. Se você agir assim, você vai conquistar mais gente e a crise vai passar longe de você.

Veja alguns exemplos: entre janeiro e setembro deste ano, as salas de cinema tiveram um crescimento de público de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Muita gente optou pelo cinema esse ano como opção de lazer, em relação a outras formas de diversão mais caras. Ainda que muitos bares e restaurantes estão tendo queda de faturamento em São Paulo, existem algumas ilhas sem crise por aqui. Pontos tradicionais da cidade como o Spot, Figueira Rubaiyat e Fasano continuam com a clientela cativa e as filas não param. O recém inaugurado Eataly recebe 3.500 pessoas diariamente, número que dobra nos finais de semana. Para esse pessoal não tem crise.

E a justificativa não pode ser apenas que estes estabelecimentos são voltados para um público endinheirado, menos sensível à crise. Existe oportunidade para todo mundo. Em momentos de tensão, as pessoas procuram produtos de autoindulgência, que as fazem se sentir bem diante de alguns cortes no orçamento. Produtos para beleza, chocolates e doces, a compra de uma peça de roupa ou pequenos mimos não vão sair do dia a dia dos consumidores tão cedo e pelo contrário, tendem a ter suas vendas aumentadas.

O grande segredo para superar as crises política e econômica que o país atravessa é deixa-las em segundo plano. Não acompanhe noticiário negativo, não fomente discussões catastróficas e não entre na onda da reclamação. Tudo isso pode parecer meio piegas, mas em momentos de dificuldade temos que agir da maneira mais simples possível. E a simplicidade neste momento está em trabalhar no ganho da eficiência e aumento da produtividade, em entender o quê os seus clientes querem ou o quê o seu chefe precisa para atingir sua meta. Valores que parece que perdemos quando o Brasil esteve em momentos melhores.