Como o smartphone mudou o consumo de jornais e revistas

No ano de 2015 a circulação de jornais impressos caiu 13%. Já o mercado de revistas impressas apresentou recuo maior, de 20%. Os dados são do IVC, o Instituto Verificador de Comunicação. Se por um lado a venda de conteúdo no papel cai ano após ano, o número de assinantes pagos tanto de jornais e revistas cresceu 27% ano passado. Hoje é consenso na indústria de conteúdo que o digital será maior que o impresso em circulação paga.

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Para entender essa mudança de formato de consumo de mídia, é preciso entender que o ritmo do mundo mudou nas duas últimas duas décadas. Hoje é difícil alguém ter 30 minutos ou 1h por dia para se dedicar a leitura de um jornal impresso ou sua revista favorita. Além da falta de tempo, um novo hábito modifica a maneira como as pessoas leem notícias: o smartphone.

Hoje a maioria das pessoas acordam e acessam seu smartphone. É o e-mail do trabalho que é verificado, é uma resposta dada no Whatsup ou uma espiada nas redes sociais. Quando as pessoas acessam as redes sociais, elas acabam consumindo notícias, seja porque alguém compartilhou ou ainda porque ela curtiu a página de um veículo de comunicação.

Ao clicar em uma notícia no Facebook, por exemplo, o leitor vai para a página do jornal, o que aumenta o seu tráfego e eventualmente até o número de assinantes desse veículo de comunicação, caso ele tenha uma boa estratégia de conquista de novos assinantes. Esse fenômeno explica o aumento do número de curtidas nas páginas dos principais meios de comunicação do Brasil, assim como o aumento de assinaturas digitais e queda de circulação do impresso.

Essa nova forma de consumo de mídia tem implicações para publishers e anunciantes. Ao consumir conteúdo digital no smartphone é bem provável que as pessoas estão lendo menos notícias e de maneira fragmentada, ou seja, acessam pequenas quantidades de conteúdo ao longo do dia, seja, quando está na fila do elevador, no trânsito ou na espera de uma reunião.

Esse consumo fragmentado de notícias muda completamente a lógica de comunicação utilizada pelos anunciantes. As home pages dos portais perdem relevância, os anúncios devem estar adaptados para smartphones e ao mesmo tempo surge o desafio de lidar com adblockers e mais: os veículos devem conhecer profundamente os hábitos dos seus leitores para saber o momento exato para postar uma notícia em uma rede social. Isso pode significar o sucesso ou fracasso de uma notícia.

A alteração do formato de consumo de conteúdo traz desafios maiores para os veículos de comunicação. Além da queda de receita fruto da diminuição acentuada de circulação do impresso, jornais e revistas se deparam com o desafio de equilibrar suas operações com um assinante que não quer pagar por um conteúdo online, ou quando paga, quer pagar pouco. E ainda existe a pressão de anunciantes, que assustados com a mudança de hábitos dos consumidores, também não entenderam muito bem como explorar novas possibilidades de comunicação em jornais e revistas digitais e muitas vezes querem investir pouco em anúncios digitais.

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