Arquivos mensais: agosto 2017

Qual o grau de maturidade digital da sua empresa?

Maturidade digital é um termo cada vez mais falado no mundo dos negócios e que pode ser a chave de transformação e/ou sobrevivência de uma empresa ou ainda pode ser apenas mais uma expressão de negócio vazia, empregada apenas para seguir os modismos do momento. No final das contas, a consistência desse termo em um negócio vai depender da disposição da empresa se adaptar a profunda transformação do mundo dos negócios promovida pelas mudanças tecnológicas e de como as pessoas interagem com essas mudanças.

Trazendo uma definição simples, maturidade digital é o grau de evolução, utilização e adaptação de um negócio em relação ao desenvolvimento tecnológico em que a empresa está inserida. Engana-se, porém, quem acredita que a maturidade digital é apenas desenvolvimento de tecnologia pura e simples. Ela possui uma dimensão muito mais ampla e abrange dimensões sobre como os negócios estão se adaptando nos ambientes digitais. Ou seja, não se trata apenas de implementar tecnologia dentro dos muros da empresa, mas de se adaptar ao mundo em uma mudança tecnológica jamais vista na história. Diante disso, as empresas possuem o desafio de construir lideranças preparadas para enfrentar as inúmeras transformações que já estão ocorrendo em cada mercado. Será que as organizações estão conseguindo acompanhar essas evoluções?

Um estudo global da escola de negócios do MIT em parceria com a Deloitte revelou que apenas 25% das empresas abordadas na pesquisa podem ser consideradas maduras digitais. Aqui no Brasil a ESPM Media Lab conduziu um outro estudo para medir o grau de maturidade digital das empresas brasileiras e o levantamento concluiu que 31% das empresas brasileiras são consideradas maduras digitais.

Os números das duas pesquisas não podem ser comparados pois são metodologias diferentes. Outra ressalva que se faz quanto ao estudo da ESPM é que ele está focado em setores com empresas de grande porte, com histórico elevado em investimento em tecnologia, como mercado financeiro, indústria automobilística e de eletrônicos. A verdade é que a realidade brasileira é bem diferente desse universo pintado pela pesquisa da ESPM, em que muitos negócios não possuem sequer um site mobile.

Se por um lado as empresas brasileiras são pouco maduras digitalmente, o povo brasileiro apresenta um grau de maturidade muito mais elevado. Um estudo realizado pelo Kantar Ibope Media demonstra que 68% dos usuários brasileiros que navegam pela internet utilizam smartphones para realizar este acesso. Outro dado que não chega a ser novidade é que 83% dos usuários de internet utilizaram alguma rede social no último mês. Ou seja, trata-se de um público muito mais avançado na adoção de tecnologia do que as próprias empresas. Aqui temos uma dicotomia que gera um grande problema de negócios confirmado pelo estudo do MIT: empresas maduras digitalmente possuem lucros 26% maiores do que organizações similares, mas com maturidade inferior.

Como avaliar a maturidade digital de um negócio

Quando falamos do ambiente tecnológico que pode definir a maturidade digital de uma organização o espectro é amplo e engloba as principais tecnologias a seguir:

  • Mobile
  • Analytics
  • Social
  • Inteligência artificial
  • Blockchain
  • Cloud

Para saber como é o grau de evolução de uma empresa, existe uma metodologia desenvolvida pela dStrategy Media, que apresenta 6 dimensões da maturidade digital de um negócio:

  1. Humana
  2. Recursos tecnológicos
  3. Estratégia de dados
  4. Estratégia de conteúdo
  5. Estratégia de canal
  6. Estratégia social do negócio

O modelo pode ser visualizado abaixo:

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Em cada dimensão do modelo existe um grau de maturidade, que varia nas seguintes escalas: zero, baixo, médio e alto. O modelo pode ser um importante guia para avaliar a maturidade de uma empresa. Uma vez feito o diagnóstico da maturidade digital atual da empresa, o próximo passo é definir um plano de evolução.

A velocidade de evolução da maturidade digital de uma empresa varia para cada setor e também está condicionada à cultura da própria empresa. Além disso, o ambiente competitivo de uma organização afeta diretamente essa maturidade.  Porém, as empresas que querem se posicionar à frente devem também considerar a evolução dos seus clientes, que não vão esperar os executivos de um negócio compreender que o mundo mudou.

A Era do Faça Você Mesmo no marketing digital acabou. Sabe por que?

A revolução digital trouxe novidades não apenas nos formatos de mídia e comunicação, mas também na maneira como se faz marketing. No início da internet construir um site era um trabalho estritamente técnico, em que se exigia amplos conhecimentos de HTML e web design. Ainda que hoje essas habilidades ainda sejam requeridas, atualmente é possível se construir um site sem nenhum conhecimento em programação ou design graças a poderosas ferramentas que trouxeram ao marketing digital o conceito de Do it Yourself.

A lógica do Faça Você Mesmo na internet começou a pouco mais de uma década com a construção de sites, depois evoluiu para gestão de campanhas no Adwords, criação de peças de e-mail marketing e hoje atinge criação de e-commerces, automação de marketing, produção de vídeos e até desenvolvimento de apps mobile. Ou seja, agora é possível realizar quase toda demanda de marketing digital em casa, sem contratar especialistas, somente através da assinatura de plataformas.

É certo que essa profunda transformação tecnológica democratizou o acesso ao marketing digital, o que é louvável. Em tese uma pequena cervejaria artesanal pode rodar uma mesma estratégia de marketing que uma Ambev. Isso colocou muitos negócios pequenos em evidência e permitiu que brigassem com gigantes do setor gastando uma pequena fração do marketing dos líderes de mercado.

No entanto, a outra faceta dessa revolução ainda é pouco discutida no mercado, sobretudo brasileiro, pois ela é invisível: a Era do Faça Você Mesmo no marketing digital está com os dias contados por mais que seja difícil admitir. Isso porque as estratégias digitais estão evoluindo em uma velocidade assombrosa, em que é impossível uma única pessoa acompanhar o aprofundamento das estratégias e o surgimento das novas ferramentas. Em resumo, o marketing digital a cada dia se torna mais complexo e carece de pessoas altamente especializadas para conduzi-lo com precisão.

Atualmente, para se rodar uma estratégia digital completa existem centenas de ferramentas que precisam ser estudadas, calibradas, operadas e sobretudo analisadas. Já que é impossível citar todas as soluções do mercado, listo as principais frentes de marketing que normalmente precisam ser acompanhadas por um gestor digital:

  • Analytics
  • E-mail marketing
  • E-commerce
  • Anúncios
  • Testes A/B
  • Automação de marketing
  • BI
  • Heatmaps
  • Helpdesk
  • CRM
  • SMS & Push Notifications

Na lista acima, são 11 áreas diferentes que carecem de conhecimentos aprofundados. Claro que a listagem muda de acordo com cada negócio e ela pode ser muito maior dependendo do seu negócio, sobretudo se ele envolver vendas on-line. Atualmente, executar bem uma estratégia digital, com construção de diferenciais estratégicos, envolve dois atributos: conhecimento específico e tempo, duas coisas que o Faça Você Mesmo limita bastante.

Se você busca rodar uma campanha em Adwords efetiva, vai ser preciso investir muito tempo. O que pode funcionar hoje, provavelmente não vai funcionar amanhã e será necessária uma otimização de palavras-chave em um acompanhamento diário. O mesmo vale para a sua loja virtual que precisa garantir uma boa taxa de conversão ou seu app mobile, que não basta apenas downloads, pois as pessoas precisam usa-lo. Certamente executar isso corretamente levará mais de 1000 horas mês, o que torna impossível uma única pessoa executar, afinal o seu mês possui 720 horas!

O grande paradigma é que empreendedores e sobretudo gestores de marketing estão seduzidos pelo poder que ganharam com as ferramentas de marketing digital. Gastam suas horas mensais e de suas equipes na configuração de uma campanha de e-mail marketing no MailChimp ou construção de uma landing page no Hubspot. Focam na execução do marketing digital alimentados pela suposta facilidade de uso das plataformas e também pelos inúmeros guias de boas práticas de como se fazer isso ou aquilo. Esquecem de duas coisas básicas: cada vez o marketing digital se torna mais complexo e estão gastando tempo demais com a operação e deixando de lado o seu principal papel, que é gerir o negócio e não a execução digital.

Não podemos deixar de lado as facilidades das plataformas de marketing e principalmente o estágio de cada negócio. Empresas que possuem ainda um baixo grau de maturidade digital e sobretudo um orçamento reduzido de marketing devem se valer ao máximo do Do it Yourself no marketing. O grande segredo está em fazer a ruptura deste modelo e compreender o melhor momento para terceirizar essa tarefa, que ainda deve ser feito com muito cuidado: dado que o marketing se aprofunda cada vez mais em cada modalidade, será preciso encontrar parceiros especialistas para cada frente e evitar soluções generalistas. Lembre-se: o seu papel é fomentar o desenvolvimento do seu negócio e não ser um analista de marketing digital, por mais sedutor que isso seja.