É bem provável que você já tenha lido ou ouvido falar em alguma roda de conversa de amantes de tecnologia sobre nomes como Alexa ou Echo. Para quem ainda não se familiarizou com esses termos, é quase certo que ainda em 2017 as duas palavras vão começar a fazer parte do seu vocabulário. E mais: é mais provável ainda que você queira ganhar de presente no próximo Natal a última versão do Echo. Afinal, o que significa essas duas palavras?
O Alexa é um sistema de assistência doméstica desenvolvido pela gigante Amazon que opera por meio de qualquer comando de voz, que utiliza poderosos recursos de inteligência artificial e processamento na nuvem para funcionar. Para operar o Alexa, a Amazon desenvolveu um gadget, o Amazon Echo, que é um alto-falante inteligente que é controlado por voz. Com o Echo é possível gerenciar o acender e apagar das luzes da sua casa, pedir uma pizza, abastecer a geladeira, trocar o canal de TV com apenas uma fala, sem tocar em nenhum aparelho. E mais: você não precisa estar ao lado do Echo para ele atender sua ordem. O poderoso recurso deste gadget permite ele te ouvir mesmo se você estiver em outro cômodo da casa.
Engana-se, porém, quem acredita que os benefícios do sistema de comando de voz Alexa se restringe apenas ao uso no próprio dispositivo Amazon Echo. Atualmente o Alexa se tornou o principal sistema operacional em comando de voz do mercado e já faz parte da tecnologia embarcada em outros produtos que usam conceitos de Internet das Coisas (IoT) para facilitar a vida das pessoas.
Os carros da Ford, nos Estados Unidos, passarão a utilizar o sistema Alexa a partir desse ano em seus modelos que sairão de fábrica a partir do segundo semestre. Assim, os motoristas clientes da montadora poderão passar diversos comandos aos veículos com um simples gesto de voz. Outra parceria firmada pela Amazon foi com a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, anunciada recentemente na CES 2017: cerca de 20 produtos entre lava-louças, refrigeradores, micro-ondas entre outros eletrodomésticos, através de uma conexão Wi-fi, poderão se comunicar por comando de voz com o sistema Alexa.
Em pouco mais de um ano e meio de vendas do Echo, a Amazon transformou o produto em um grande hit nos Estados Unidos. No último Natal o gadget foi uma das principais escolhas dos americanos e chegou a ficar em falta no site da Amazon, com lista de espera de mais de um mês. Hoje o modelo padrão custa U$180 e uma versão mais simples, o Echo Dot, sai por U$50. Estima-se que a Amazon esteja subsidiando os produtos com descontos de 10% a 20% abaixo do preço de custo dos aparelhos, para ampliar a difusão da tecnologia.
Muito mais do que o preço, o sucesso se dá por conta das inúmeras utilidades do pequeno alto-falante, que são suportadas pelo seu sistema operacional eficiente. Quando foi lançado, o Amazon Echo tinha em seu rol de atividades algumas dezenas de tarefas que podiam ser executadas, como controlar a temperatura do ar condicionado ou chamar um Uber. Hoje já são mais de 4.000 tarefas executadas pelo aparelho. Esse crescimento vertiginoso só foi possível porque a Amazon está permitindo o desenvolvimento de um ecossistema aberto para desenvolvedores que buscam construir soluções utilizando seu sistema operacional e até aplica-lo em outros produtos que não seja o Echo.
Pode-se dizer que a Amazon, até o momento, abriu vantagem na corrida por comando de voz, mas ela não está sozinha no mercado. Vale lembrar que a Apple lançou a Siri muito tempo antes. Na época do seu lançamento, a Apple foi muito criticada pelas limitações da sua assistente pessoal, mas conseguiu realizar grandes evoluções na plataforma. Talvez a sua grande limitação foi ter se restringido apenas aos devices da própria marca. Hoje, quem investe pesado em inteligência artificial e busca rivalizar com a Amazon é a Samsung, que desenvolve no momento um assistente pessoal que visa pegar parte desse mercado desbravado pela gigante do e-commerce. Porém, ainda está mais na promessa do que na entrega real de soluções.
Como toda tecnologia emergente que está sendo moldada, muita coisa ainda pode ser mudada, de gadgets, usos, modelos de negócios e players, como foi no caso das revoluções promovidas pelos smartphones, redes sociais e e-commerce. No caso dos comandos inteligentes por voz, certamente estamos no começo de uma revolução, que transformará mercados, facilitará a vida das pessoas e também mudará mais uma vez nossa noção de privacidade. Imagine como será sua vida com uma caixinha que capta tudo o que você fala em casa, no carro ou na empresa? O futuro próximo pode ser um mundo mais sinistro ou imenso de mais oportunidades de negócios. Basta escolher a lente que se quer enxergar esse futuro.